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Arábia Saudita proíbe homens de serem vendedores de lingerie

DE SÃO PAULO

A burca das sauditas nunca garantiu proteção contra o constrangimento na hora de escolher o item mais íntimo do guarda-roupa de uma mulher. Cobertas da cabeça aos pés, muitas deixaram de comprar lingerie em lojas para evitar a exposição diante de vendedores homens -os únicos que podiam exercer tal função. Até ontem.

Uma lei saudita de 2006, que entrou em vigor apenas ontem, não só permite que lojas de roupas íntimas e de departamento contratem vendedoras, como proíbe que as consumidoras sejam atendidas por homens.

A decisão foi vista como uma conquista na luta por igualdade de gênero no país. A questão já tinha sido mote da campanha "Chega de constrangimento", divulgada pelo Facebook.

A ideia era boicotar as lojas de lingerie até que a lei entrasse em vigor. "Eles [o governo] responderam positivamente, principalmente porque não ha via mais opção", disse a saudita Fatima Garoub, responsável pela campanha.

A lei deve abrir até 40 mil vagas para as sauditas, que ainda têm um estreito leque de opções de trabalho.

A mudança, no entanto, não agradou ao clérigo mais importante do país, o xeque Abdul-Aziz al Sheikh, que considerou a decisão uma afronta à lei islâmica. "O fato de mulher ficar cara a cara com um homem para vender a ele sem qualquer vergonha pode levar a transgressões, que serão cobradas dos proprietários das lojas", disse.

A lei não havia entrado em vigor antes pela resistência dos religiosos ultraconservadores, que se opõem à ideia de que homens e mulheres trabalhem em um mesmo ambiente, como shoppings.

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