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Revisão de Iowa expõe falhas de sistema

DA ENVIADA A COLUMBIA

A revisão dos resultados na prévia de Iowa, a primeira do calendário, e a tardia vitória do ultraconservador Rick Santorum expõem mais do que problemas para o favorito Mitt Romney: escancaram as falhas e o anacronismo do sistema de votação em uso em uma das mais modernas democracias do mundo.

A Folha acompanhou a caótica votação em Iowa, dia 3, em um auditório escolar em que três sessões de "caucus" -assembleia eleitoral pela qual o Estado escolhe os candidatos à Presidência- ocorriam simultaneamente.

O tom, descrito na ocasião, era de reunião de condomínio: diferentes votantes defendiam seus candidatos, sem preocupação com organização nem equilíbrio; os votos eram escritos em papeizinhos, compilados pelo presidente da sessão e anunciados, por telefone ou e-mail, à sede local do partido.

Só depois haveria uma contagem oficial auditada.

Na votação a que a reportagem assistiu, o organizador era pró-Romney. A contagem e a "auditoria" couberam a voluntários aclamados entre os votantes na hora.

Na mesma noite, a apuração atrasaria quatro horas porque os votos de um dos distritos, com oito sessões, sumiram no percurso. Nunca foi possível auditá-los, e ontem eles foram descartados.

Romney fora declarado vencedor com oito votos de vantagem sobre Santorum em um acordo entre os aspirantes e o partido porque, com percentuais iguais, os dois teriam direito ao mesmo punhado de votos do Estado na convenção que elegerá formalmente o candidato, no fim de agosto, na Flórida.

Quando indagado pela Folha por que o Estado votava de forma tão precária, Mike Cook, organizador do "caucus" ao qual a reportagem foi, disse que se tratava de uma tradição local. Completou: "Custaria mais e daria mais trabalho organizar uma primária normal".

Dos 50 Estados americanos, mais 11 votam assim, além dos cinco territórios que participam da escolha. Já nas primárias, os eleitores votam em cédulas, como na eleição oficial, e a contagem recebe maior escrutínio.

A verificação é mais fácil, mas nem por isso simples -basta lembrar as perfurações em lugar errado nas cédulas que culminaram na recontagem dos votos da Flórida na eleição presidencial de 2000. A vitória de George W. Bush teve de ser decidida na Suprema Corte, e ainda hoje é contestada por críticos.

(LC)

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