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Análise

Reuniões geram expectativas e terminam em frustrações

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

Desde o início de 2010, quando ficou clara a grave situação financeira da Grécia, todas as reuniões dos líderes europeus têm produzido expectativa e frustração.

Em meio a bate-bocas, eles tentam encontrar uma saída para o atoleiro econômico que começou naquele país e se espraiou pelo continente.

O mundo espera ações concretas; saem apenas discursos e promessas.

O acordo alcançado ontem pode não alterar essa história. Há o compromisso de reduzir dívida e déficit públicos e sanções para os infratores. Mas serão aplicadas ou é apenas uma tentativa de convencer os mercados de que algo está sendo feito?

Até agora, a Europa tem adotado a receita alemã, de que a solução para os problemas se resume a cortes de gastos públicos.

Os números, porém, mostram que a receita está dando resultados contrários.

Ontem a Espanha revelou que sua economia encolheu no último trimestre de 2011, apesar (ou por culpa) de cortes e aumento de impostos.

A do Reino Unido --que não adota o euro, mas igual política de austeridade-- também.

Portugal já está em recessão, e ontem o país foi abrigado a pagar juros de quase 16% ao ano para vender títulos públicos de dez anos.

É um percentual muito além do limite sustentável.

Aumenta a pressão para que a União Europeia aposte em crescimento e criação de empregos.

O bloco tem hoje mais de 23 milhões de desempregados (taxa de 10%). Entre jovens (15 a 24 anos), a situação é muito pior. O índice beira os 50% tanto na Espanha como na Grécia.

Num documento divulgado ontem pelo Conselho Europeu (o colégio de líderes), está escrito: "Decisões têm sido tomadas para assegurar estabilidade financeira e consolidação fiscal... mas isto, por si só, não é suficiente".

Em outro trecho, afirmam o óbvio: sem crescimento não haverá criação de emprego.

Resta saber se o discurso sairá do papel ou se valerá para todos os líderes o puxão de orelha dado pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, nos gregos. "[Precisam] implementar as medidas necessárias em vez de apenas anunciá-las."

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