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China restringe produções estrangeiras na TV

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A China proibirá a transmissão de séries de TV estrangeiras durante o horário nobre, anunciou anteontem a Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão (Sarft, na sigla em inglês). A medida afetará principalmente produções japonesas, sul-coreanas e de Hong Kong (apesar de ser território que pertence à China).

Além do veto das 19h30 até as 22h, as séries importadas não poderão ter mais que 50 episódios e só ocuparão até 25% da grade de programação. Ainda não há data para a medida entrar em vigor.

A Sarft decidiu ainda que os canais estão proibidos de transmitir "séries de TV de um certo país ou de uma certa região no mesmo período".

O objetivo, diz o jornal estatal "China Daily", é "melhorar a qualidade dos programas de TV importados".

As restrições fazem parte de medidas adotadas recentemente para estimular a produção cultural nacional.

As primeiras medidas entraram em vigor em janeiro, quando a Sarft determinou que as TVs cortassem dois terços de sua programação de entretenimento com formato ocidental, como "reality shows" e concursos de calouros.

À época, o líder máximo do país, Hu Jintao, acusou "forças hostis" de tentar dominar a China por meio da cultura.

"Devemos claramente ver que forças hostis internacionais estão intensificando o complô estratégico de ocidentalizar e dividir a China, e os campos ideológicos e culturais são as áreas focais de sua infiltração no longo prazo", escreveu Hu.

Mesmo sem as medidas, as produções estrangeiras já sofrem sérias restrições na China. Há uma cota de exibição de apenas 20 filmes importados por ano nas salas comerciais. A Sarft costuma vetar filmes com cenas eróticas, de violência e de cunho político.

Em 2011, um festival de cinema brasileiro em Pequim foi proibido de exibir seis produções. Uma delas foi o documentário "Uma Noite em 67", sobre os festivais de música da Record -provavelmente, devido às referências à ditadura militar.

Apesar do esforço, é possível comprar títulos estrangeiros nos pontos de venda de DVD pirata. Um dos mais fáceis de achar é "Bruna Surfistinha", cujas cenas de sexo nunca passariam nos telões.

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