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Gregos querem adesão de 90% a calote

Atenas formalizou ontem plano em que propõe a bancos corte de 53,5% do valor de face dos títulos da sua dívida

Banqueiro vê perdas "tão voluntárias quanto uma confissão em um julgamento espanhol da Inquisição"

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A CIDADE DO MÉXICO

A Grécia apresentou ontem ao mercado o plano para que os credores privados aceitem um calote "voluntário" de parte de sua dívida, ação fundamental do novo pacote de resgate ao país. Atenas quer a adesão de 90% dos bancos.

Conseguir a adesão deles nos próximos dias, contudo, não será tarefa fácil.

O diretor-executivo do banco alemão Commerzbank, Martin Blessing, um dos maiores detentores de títulos gregos, declarou que as perdas "são tão voluntárias quanto uma confissão em um julgamento espanhol da Inquisição".

Além disso, Blessing expressou incerteza sobre a situação das dívidas soberanas europeias: "Isso continuará sendo um grande desafio para nós", disse.

Pelas regras do plano, os credores devem aceitar perda de 53,5% (cerca de € 107 bilhões) no valor nominal dos títulos que detêm.

O pacote previa originalmente que, quando o país tiver a resposta de pelo menos 50% dos investidores privados, com dois terços favoráveis ao acordo, os demais também seriam obrigados a aceitar as perdas.

O acordo deve ser finalizado em 12 de março, pouco tempo antes do vencimento de uma parte da dívida, de € 14,5 bilhões. Dessa forma, evita-se um calote.

RESGATE HISTÓRICO

Em encontro do G20 no México, Charles Dallara, diretor-gerente do Instituto Internacional de Finanças, que congrega mais de 400 bancos privados no mundo e negociou por parte dos credores, elogiou a medida.

"Esta é uma reestruturação histórica e sem precedentes de uma dívida. Se o acordo for bem-sucedido, vai dissipar uma nuvem enorme do setor bancário, e, com a ajuda do FMI, pode ajudar a recolocar a Grécia no caminho para restabelecer a confiança e retomar o crescimento e a criação de empregos."

Para Dallara, haverá alto índice de adesão por parte dos credores.

O objetivo do acordo com os credores privados é auxiliar a reduzir a dívida da Grécia, hoje equivalente a 160% de seu PIB (Produto Interno Bruto), para 120,5% em 2020.

O país também se comprometeu a baixar medidas de austeridade para que pudesse receber € 130 bilhões da "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI). A liberação do dinheiro depende da implementação dessas medidas pelo Parlamento grego até o fim do mês e da autorização de países europeus.

BOLSA

Nos EUA, mostrando a recuperação da economia, o índice S&P 500, da Bolsa de Nova York, subiu 0,17% e atingiu o maior patamar desde junho de 08. No ano, ele acumula alta de 8,6% -em relação ao pico de setembro de 07, ainda tem perda de 12,7%.

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