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Na Índia, Dilma ataca o protecionismo "perverso"

Em discurso em Nova Déli, presidente critica modelo europeu de combate à crise

No país para reunião do grupo dos Brics, ela defendeu participação permanente do Brasil em organismos globais

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI

A presidente Dilma Rousseff retomou ontem seu tema recorrente em torno da crise internacional, ao condenar "políticas expansivas que ensejam uma guerra cambial e introduzem no mundo novas e perversas formas de protecionismo".

É uma alusão à catarata de recursos que os bancos centrais dos países ricos estão despejando em suas economias para destravá-las, o que provoca sobra de dinheiro e, por extensão, a invasão de mercados, como o brasileiro, que oferecem juros atrativos.

A consequência é a valorização do real, o que atrapalha as exportações brasileiras -daí a menção às "formas perversas de protecionismo".

O discurso foi pronunciado na cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa pela Universidade de Nova Déli, a capital indiana.

Vestida com a capa tradicional vermelha com bordados dourados, Dilma voltou a atacar o modelo de combate à crise por meio de "meras medidas de austeridade, consolidação fiscal e desvalorização da força de trabalho", predominante na Europa.

A visão desenvolvimentista de que Dilma é adepta prega que o ajuste fiscal não deve ser feito isoladamente, sem o apoio de estímulos para o crescimento econômico.

O discurso todo foi a reafirmação de pontos caros à diplomacia brasileira. Dilma defendeu, por exemplo, "o diálogo e a diplomacia" e rejeitou "as ações unilaterais e as doutrinas que enfatizam o uso da força, as atitudes preconceituosas e intolerantes".

Defendeu ainda a reforma das instituições de governança global, "inclusive o Conselho de Segurança" [da ONU], que é o coração do sistema internacional.

Cobrou "a presença permanente de Brasil e Índia nos organismos que deliberam sobre a paz e a segurança global" - segundo ela, "um consenso entre aqueles que prezam o multilateralismo".

O Brasil reivindica há anos um lugar entre os membros permanentes do CS, hoje restrito aos vencedores da Segunda Guerra Mundial (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido). São os únicos que têm poder de veto, o que acaba amarrando o sistema.

Assuntos internacionais à parte, Dilma citou o programa "Ciência sem Fronteiras", pelo qual o Brasil está enviando 100 mil estudantes e pesquisadores para centros "de primeira linha" no exterior.

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