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Credor exige corte de 15% de custos trabalhistas gregos

Estimativa é de representante da 'troica' -BCE, FMI e Comissão Europeia

País europeu recebeu recentemente um novo pacote de ajuda, mas há condições para manter-se parte da eurozona

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Poul Thomsen, diretor do programa da "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) para a Grécia, afirmou ontem que o país precisa reduzir em pelo menos 15% seus custos trabalhistas para se tornar competitivo.

O chefe da "troica" acredita que a crise da Grécia tem solução, mas pede que Atenas reduza salários e aumente a produtividade.

Sobre as acusações de que a "troica" tem sido severa com o país, Thomsen declarou: "Nenhuma outra economia do mundo recebeu tanto apoio do FMI e da Europa. Nossa ajuda é excepcional".

As declarações foram feitas em debate sobre a crise grega, promovido pela Associação Helênica de Banqueiros do Reino Unido em parceria com o Observatório Helênico da London School of Economics, onde o evento aconteceu.

Na porta do campus, um pequeno grupo protestava contra as medidas de austeridade que a Grécia tem que adotar após o novo empréstimo de € 130 bilhões concedido pela "troica", que evitou um calote do país em março.

Os cartazes dos manifestantes, que integram o movimento "Somos Todos Gregos", diziam "parem de saquear a Grécia" e "façam os ricos pagar", além de pedir a expulsão da "troica" do país.

Em panfleto, o grupo também denuncia o fato de o debate não contar com representantes de desempregados e vítimas da crise grega.

Para Moritz Kraemer, chefe do grupo de classificação de riscos de dívidas soberanas da Europa, do Oriente Médio e da África da agência Standard & Poor's, uma nova reestruturação da dívida da Grécia é inevitável.

Dessa vez, contudo, Kraemer destaca que os credores públicos também terão que aceitar perdas. A Grécia recentemente negociou um acordo com credores privados, que concordaram em perdoar uma parte da dívida.

O economista também argumenta que os juros dos novos títulos emitidos pelo país continuarão subindo. Isso porque, como os créditos da "troica" têm status preferencial, os investidores terão mais risco, já que terão menos chance de receber.

PLANO MARSHALL

Vicky Pryce, da consultoria FTI, analisa que o fim da crise ainda está distante e prevê que 2012 será o pior ano de recessão da Grécia.

Ela descarta a saída da zona do euro e defende um plano de recuperação para o país similar ao Plano Marshall, que injetou recursos na economia europeia após a Segunda Guerra Mundial.

De acordo com Pryce, os países ricos da zona do euro, como Alemanha, Áustria e Holanda, pagarão a conta da crise na Grécia de qualquer modo e devem ajudar já.

Em troca, as autoridades gregas precisariam se comprometer com um programa de privatizações, reformas políticas e judiciais e incentivos à competitividade.

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