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Falta "apelo" à visita de Dilma aos EUA

Estágio da relação entre os países, que não concordam em tudo, mas não têm atrito relevante, não permite prever emoções

Porta-voz do Itamaraty cita reconhecimento da cachaça como produto típico nacional como destaque da viagem

Kevin Lamarque - 20.set.2011/Reuters
Os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama assistem a um vídeo na abertura de evento em Nova York, em setembro
Os presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama assistem a um vídeo na abertura de evento em Nova York, em setembro

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

O estágio atual das relações Brasil/EUA "não é sexy", na avaliação de Julia Sweig, uma das maiores especialistas em Brasil dos Estados Unidos e colunista da Folha.

Por extensão, a visita que a presidente Dilma Rousseff inicia no domingo a Washington não promete produzir emoções fortes.

Quando comenta a falta de "sex-appeal" no relacionamento bilateral, Sweig está querendo dizer que não há um contencioso realmente relevante entre Brasília e Washington, embora tampouco os dois governos estejam de acordo em tudo.

A falta de emoções fortes na visita foi reforçada numa inusitada entrevista por Twitter do porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes: ele mencionou o reconhecimento da cachaça como produto tipicamente brasileiro como um ponto positivo da visita.

Também citou o acordo entre o Instituto Brasileiro de Museus e a Smithsonian Institution para treinamento de profissionais na área de museus. Mesmo um possível ponto de atrito (o diferente enfoque entre os dois países em torno das sanções ao Irã) não é capaz de esquentar a agenda, ao menos na visão tanto de Julia Sweig como de Shannon O'Neill, especialista em Brasil do Council on Foreign Relations.

Para elas, ambos os lados estão suficientemente bem informados sobre as respectivas posições para tentar mudá-las num encontro direto.

Sweig até torce para que os EUA deem apoio formal à pretensão brasileira de ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, o coração do sistema político internacional.

Mas sabe que Obama não irá tão longe, com Dilma, quanto foi em relação à idêntica pretensão da Índia.

Tovar Nunes concorda, ao dizer que os dois países apenas reafirmarão "o compromisso com a reforma do Conselho de Segurança, dotando-o de mais legitimidade e eficácia".

Tudo somado, a visita será uma reafirmação do "relacionamento especial" entre Brasil e EUA. Mas Julia Sweig gostaria de que fossem além, redefinindo essa expressão, cunhada no século passado, para o século 21.

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