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ONU mantém plano para a Síria; Assad promete trégua

Às vésperas de cessar-fogo entre o Exército e rebeldes, violência continua

Plano de paz de Annan obtém apoio do Irã; para analistas, 'ação humanitária' pode ser vista como intervenção

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

Às vésperas de um cessar-fogo acertado entre a ONU e o ditador sírio Bashar Assad, Kofi Annan -enviado especial a Damasco- disse ter recebido garantia do regime sírio de que cumprirá a trégua.

O acordo prevê o fim dos ataques entre rebeldes e o Exército a partir das 6h da manhã de hoje (horário sírio). Ontem, foram reportadas retiradas de tropas do Exército de algumas regiões do país, mas ativistas denunciaram bombardeios em Homs.

Segundo o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, uma pessoa morreu e 37 corpos foram encontrados no bairro de Deir Baalba.

Não foi possível verificar as informações porque o governo sírio restringe o trabalho da imprensa no país.

O Conselho de Segurança da ONU exortou o regime de Assad a conter a violência.

Em visita a Teerã ontem, Annan angariou apoio do presidente Mahmoud Ahmadinejad, sob a condição de que Assad não seja deposto. Rússia, China e a Liga Árabe também apoiam o plano.

O presidente dos EUA, Barack Obama, e a chanceler (premiê) da Alemanha, Angela Merkel, conversaram por telefone ontem e concluíram que Annan não está cumprindo com o acordo.

"Eles concordaram que isso reforça a necessidade de que o Conselho de Segurança da ONU se una para adotar uma ação mais decisiva", disse a Casa Branca.

O foco da tensão regional seguia nas fronteiras da Síria. O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou a Síria de violar seu território, em incidente na segunda-feira que deixou dois dissidentes sírios mortos. E estuda agora criar uma zona humanitária militarizada na fronteira.

Mais de 50 mil sírios já fugiram para países vizinhos. A ONU estima em cerca de 9.000 os mortos no conflito desde março de 2011.

Analistas alertam, porém, para o uso abusivo do rótulo "humanitário" na crise síria.

"A perspectiva de uma intervenção estrangeira aberta na Síria é remota, mas já estão acontecendo intervenções, como países enviando forças especiais ou governos estrangeiros armando a oposição sob pretextos humanitários", disse à Folha Sarah Hoffman, professora do Centro de Estudos Humanitários da Universidade de Genebra.

O Qatar e a Arábia Saudita decidiram armar e pagar salários ao Exército Livre da Síria (braço armado da oposição). Londres e Washington enviaram aos rebeldes "assistência humanitária", com itens "não letais" -equipamentos de comunicação por satélite e binóculos noturnos.

"As três crises [política, de segurança e humanitária] estão sendo misturadas. Annan negocia todas juntas, o que complica tudo, porque politiza a questão humanitária. Alguns podem achar que corredores humanitários beneficiam a oposição síria", afirmou Claude Bruderlein, diretor de políticas humanitárias da Universidade Harvard.

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