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Rei da Espanha pede perdão inédito após viagem polêmica

'Mea culpa' expõe frágil momento da realeza, envolvida em sucessão de escândalos; oposição pede referendo para abolir monarquia

DE SÃO PAULO

O primeiro pedido de perdão do rei Juan Carlos, 74, ontem, em quase quatro décadas no trono sintetizou o frágil momento pelo qual passa a monarquia espanhola.

Uma sucessão de escândalos ligados à família real expôs a discrepância entre a situação da população, que sofre com a crise financeira e a taxa de desemprego de 23%, e a vida na Casa Real.

"Sinto muito, errei e não voltarei a fazer", disse o rei, com ar aparentemente constrangido, ao sair do hospital, em Madri, onde foi operado no sábado após fraturar o quadril durante um safári para caçar elefantes em Botsuana.

E foi a viagem que, justamente, motivou o pedido de desculpas do rei. A aventura coincidiu com a semana em que a Bolsa de Madri fechou com o pior resultado no ano -queda de 3,58 pontos-, e o ágio (diferença entre os títulos espanhóis e alemães) atingiu 424 pontos básicos -acima de 400, Grécia, Irlanda e Portugal já pediram socorro.

"É a primeira vez que o rei tem de se colocar diante dos cidadãos para reconhecer que agiu de forma equivocada. É inédito", observou à Folha a jornalista Carmen Enriquez, autora de dois livros sobre a Casa Real.

Segundo o "El Mundo", o monarca teria viajado a convite do empresário saudita Eyad Kayali, que vive na Espanha e acompanhou o rei.

Mas isso não foi capaz de acalmar os ânimos da oposição, que vai enviar ao Parlamento um pedido para que sejam divulgados os detalhes sobre o pagamento da viagem.

O partido Esquerda Unida quer ainda um referendo nacional para decidir se o país deve abolir a monarquia, que custa € 8,4 milhões por ano.

A extravagância se soma a um escândalo de corrupção envolvendo o genro do rei Iñaki Urdangarin, que já respingou em Juan Carlos. Anteontem, foram incorporados ao caso e-mails que sugerem mediação do rei nas transações.

Neste mês, seu neto mais velho, Felipe, 13, disparou no próprio pé ao treinar tiro.

Colaborou MARÍA MARTÍN

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