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Partido tradicional é favorito no México

Peña Nieto, candidato do PRI, sigla que esteve no poder por 70 anos, deve vencer eleição presidencial em julho

Origem do partido é a revolução do início do século 20; em pleitos anteriores, foi acusado de recorrer a fraudes

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A campanha presidencial mexicana arrancou em clima de nostalgia. O favorito para a eleição de 1º de julho é Enrique Peña Nieto, do mais tradicional partido do país.

A origem do PRI (Partido Revolucionário Institucional) remonta à Revolução Mexicana de 1910 e seu governo de mais de 70 anos ininterruptos (1929-2000) ainda marca a memória nacional.

Especialistas ouvidos pela Folha concordam quanto às razões da provável volta do partido ao poder. Após 12 anos de governo, o Partido da Ação Nacional está desgastado. Além de não conseguir conter a violência do narcotráfico, que causou 50 mil mortos desde 2006, não estaria garantindo a distribuição do crescimento econômico.

"Estão capitalizando um descontentamento. A questão é que têm um passado a que recorrer. Um passado que para muitos é romântico, glorioso e dava a sensação de ser mais harmonioso. Os números da violência falam muito alto", diz o filósofo e escritor Paco Ignacio Taibo.

Peña Nieto, 45, de ar juvenil, foi governador do Estado do México entre 2005 e 2011. É conhecido por ser um bom orador. "Sua facilidade para falar e aparecer bem na TV certamente ajudam a alavancar sua candidatura", diz John Ackerman, sociólogo e colunista da revista "Proceso".

De acordo com pesquisa do "El Universal" na última semana, o priista tem 54,3%. Em segundo lugar, está a ex-secretária de Educação do atual governo Felipe Calderón, Josefina Vázquez Mota, com 22,9%. Em terceiro, o veterano esquerdista Andrés Manuel López Obrador, derrotado em 2006, com 21,4%.

O PRI nasceu em 1929, identificado com as ideias dos revolucionários do começo do século. Consolidou-se com um discurso de atender a reivindicações dos trabalhadores e aglutinou apoio de sindicatos. Elegeu 14 presidentes, muitas vezes acusado de fraude. O escritor peruano Mario Vargas Llosa chamou o sistema mexicano sob o PRI de "ditadura perfeita".

"O partido consolidou uma relação com o povo por evocar um nacionalismo revolucionário e estatizante, que já são parte da tradição cultural mexicana", diz Roger Bartra, sociólogo da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM).

Tanto Bartra como o cientista político Jean-François Prud'Homme, do Colegio de México, usam o peronismo argentino como referência para explicar a relação dos mexicanos com o PRI.

"A identificação tem um lado perigoso, porque tem a ver com a ideia de que a democracia não necessariamente é algo necessário para um bom governo. Nesse sentido lembra muito essa tradição argentina", explica.

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