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Análise

Economia fragiliza Obama, mas Romney também tem seus dilemas a enfrentar

ABRAHAM LOWENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

A arrastada campanha presidencial americana ingressou em uma nova fase, com a escolha de Mitt Romney como candidato republicano.

Até agora o palco vinha sendo ocupado pelo espetáculo um pouco confuso dos vários pré-candidatos republicanos competindo pela lealdade da base do Partido Republicano, abrigada principalmente nos Estados do sul.

Esses Estados têm votado em republicanos constantemente desde que o presidente democrata Lyndon Johnson os desagradou ao aprovar a legislação dos direitos civis de 1964.

Os republicanos conseguiram fincar presença forte nos Estados sulistas, um domínio que é contestado apenas quando são mobilizadas populações afro-americanas muito grandes -geralmente, não com êxito.

Os democratas, enquanto isso, conseguiram o controle do nordeste do país e dos Estados da costa do Pacífico, especialmente a Nova Inglaterra (nordeste) e a Califórnia.

As atitudes dominantes dos eleitores no sul diferem nitidamente das dos eleitores da Nova Inglaterra e da Califórnia em várias dimensões: orientação religiosa versus secular; as atitudes em relação à ciência, incluindo mudanças climáticas e pesquisas com células-tronco; os níveis de ensino superior e o respeito por ele; as opiniões sobre valores familiares, estruturas familiares e costumes sexuais, e as atitudes em relação ao papel do Estado.

O dilema de Romney é que ele foi forçado pelo processo das primárias a aproximar-se das posições da base republicana, embora essas atitudes não apenas sejam anátemas na Costa Oeste e na Nova Inglaterra como estejam perdendo apoio nas regiões em disputa, o Meio-Oeste e os Estados montanhosos.

Romney precisa agora deslocar-se em direção a posições sobre questões sociais que agradem mais à maioria dos eleitores dos EUA fora do sul do país, e ele está começando a fazê-lo.

Quanto mais ele se aproxima do centro moderado, mais reforça sua imagem desafortunada de político frio, despido de princípios fundamentais ou posições firmes.

Isso, por sua vez, faz dele um adversário muito mais fácil para Obama, que comanda respeito amplo por suas qualidades pessoais.

Neste momento, é provável que Obama só perderá a eleição americana se for por culpa sua. Ele ficará mais vulnerável se a economia tiver novos problemas ou se ocorrerem desastres ou grandes escândalos inesperados.

A candidatura bem-sucedida de Romney à indicação republicana o enfraqueceu como candidato presidencial capaz de atrair moderados.

ABRAHAM LOWENTHAL é professor emérito da Universidade do Sul da Califórnia e membro visitante do Centro David Rockefeller da Universidade Harvard

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