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Na periferia de Atenas, campo reúne imigrantes ilegais Partido de extrema direita grego, o Aurora Dourada, ganhou cadeiras no Parlamento com discurso xenófobo
A imigração ilegal, um dos temas que dominaram a pauta da eleição parlamentar na Grécia, influenciou diretamente a inédita conquista de 21 cadeiras no Parlamento pelo partido de extrema direita Aurora Dourada, ligado ao nazismo e que promete "uma Grécia só para os gregos". Até mesmo o líder conservador Antonis Samaras, do partido de centro-direita Nova Democracia, afirmou na campanha que os imigrantes ilegais "se transformaram nos tiranos da sociedade grega" e prometeu um programa para expulsá-los do país. Uma semana antes das eleições parlamentares, a Grécia inaugurou seu primeiro centro de detenção de imigrantes ilegais. A medida vem sendo criticada por entidades de direitos humanos e pelos moradores da área em que o campo foi instalado. Amygdaleza fica na região metropolitana de Atenas, a cerca de 40 minutos do centro histórico da cidade. O campo de detenção fica em um terreno onde já funcionava uma academia da polícia. A Folha visitou a região, mas não foi autorizada a ingressar no terreno. As autoridades se recusam a liberar a entrada de jornalistas. Os oficiais no local também negaram pedido de entrevista. A área vizinha ao centro de detenção é ocupada por depósitos de vendedores de plantas. Com medo, um deles não permitiu que a reportagem estacionasse o carro em sua propriedade. Da parte mais alta do terreno, é possível avistar as dezenas de contêineres brancos usados como moradia pelos detidos, cercados por grades e vigiados por policiais. No domingo em que foi inaugurado, 56 imigrantes ilegais foram transportados para Amygdaleza. A imprensa local afirma que o campo tem capacidade para mais de 1.000 pessoas, lotação que o Ministério de Proteção aos Cidadãos espera alcançar neste mês. PROTESTOS E MEDO Os habitantes da região já protestaram em frente ao portão de entrada da academia de polícia. Uma notificação assinada pelo prefeito de Acharnes, município da região, contestando a instalação do centro, também já foi endereçada ao governo, sem sucesso. Agora, há um processo judicial tramitando. O bancário Takis, que preferiu não declarar seu sobrenome, é morador da região e disse à Folha que teme futuros problemas de segurança trazidos pelo campo. "As pessoas não querem os imigrantes aqui, assim como eles não querem estar nessa situação. Quem sabe o que vai acontecer amanhã? Nós estamos com medo." Apesar de considerar a iniciativa um problema para a imagem da Grécia no exterior, Takis destacou o que vê como ponto positivo: "Até agora, os africanos e os paquistaneses tinham liberdade aqui. Mas, vendo esse campo, talvez queiram sair do país, vejam que não é bom para eles vir para cá". Antes da eleição, o governo afirmava que novos centros de detenção seriam instalados no país, uma das rotas de entrada dos imigrantes ilegais no continente europeu. A fronteira com a Turquia é responsável pela maior parte desse trânsito. (RR) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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