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Xadrez no oriente médio

Correspondentes da Folha em Jerusalém e Teerã mostram como o conflito na Síria tornou-se central na disputa entre Israel e Irã

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Israel vê chance de enfraquecer seu principal rival

A primeira reação em Israel à crise na Síria e à possível queda do regime de Bashar Assad foi uma preocupação quase instintiva com a troca do certo pelo incerto.

Afinal, apesar do estado de guerra que perdura desde a fundação de Israel, em 1948, a fronteira entre os dois países manteve-se estável, e incidentes são raros.

A apreensão com as consequências imediatas, porém, é superada entre os principais analistas pela perspectiva de um ganho estratégico, caso Assad deixe o poder: o enfraquecimento do Irã, maior inimigo de Israel.

"Seria boa notícia para Israel, sem dúvida", diz Eyal Zisser, especialista em Síria da Universidade de Tel Aviv.

"Provavelmente teríamos um cenário inicial de instabilidade, mas no final das contas seria bom, porque o que importa para Israel é o Irã."

Além do enfraquecimento do maior inimigo, diz Zisser, haveria benefícios para Israel em outras frentes, já que os iranianos transferem por meio da Síria ajuda militar para grupos antissionistas como o Hizbollah, no Líbano, e o Hamas, na faixa de Gaza.

Um dos mais respeitados especialistas em Síria de Israel, Moshe Maoz, da Universidade Hebraica de Jerusalém, é menos categórico.

Para ele, a incerteza sobre o cenário pós-Assad, incluindo o destino das armas químicas do regime, coloca Israel diante de um dilema entre "o ruim e o muito ruim".

"Não dá para prever que tipo de regime assumiria no lugar de Assad, por isso fica difícil escolher o que é pior", diz Maoz. "Mas a lealdade de Assad ao Irã tornou-se tão absoluta que é preferível ver o fim dessa aliança."

O governo israelense deixou a cautela inicial e lançou duras críticas a Assad, sobretudo depois do massacre de 108 civis na região de Houla, na semana passada.

O premiê Binyamin Netanyahu usou a crise síria para alertar contra o programa nuclear iraniano. Segundo ele, o Irã está ajudando "de forma concreta o governo sírio a massacrar seu povo".

"Imaginem como seria a conduta do Irã se tivesse armas nucleares?", disse.

O caos no país vizinho é motivo de alerta. Num raro comentário de oficial militar de alta patente, o general Yair Golan disse que Israel reforçou a segurança na fronteira.

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