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Zona que divide Coreias vira atração turística Prateleiras das lojas vendem arame farpado como lembrança, e soldados recebem abraços DIOGO BERCITOENVIADO ESPECIAL A SEUL Turistas sorriem para a câmera fotográfica. Eles posam diante da placa amarela que sinaliza um campo minado. Mais tarde, abraçam soldados e passam as mãos pela carcaça baleada de um trem. São cenas de um passeio inusitado no paralelo de número 38, que divide a península coreana entre norte e sul. É a chamada DMZ, apelido para "zona desmilitarizada". Apesar de ser a fronteira entre duas nações ainda em guerra, já que o que vigora hoje é um armistício, o local é uma das grandes atrações turísticas da Coreia do Sul. Não há "climão" durante a visita, conforme turistas encontram, felizes entre as prateleiras das lojas de suvenir, pedaços de arame farpado vendidos por cerca de R$ 50. Tudo se torna espetáculo nessa atração que, apesar de ter sido chamada de "o lugar mais assustador do mundo" pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton, recebe 600 mil visitas por ano. Durante a Guerra da Coreia (1950-1953), passaram por ali milhões de soldados. Os EUA apoiavam o sul; URSS e China, o norte comunista. Ao menos 3 milhões foram mortos. 'MENTIROSOS FOFOS' Um carrinho leva turistas 73 metros abaixo da terra para visitar um túnel entre as Coreias. É possível ir até o local em que a passagem foi descoberta, em 1978. Por um buraco, se espia o misterioso caminho escuro que conduz ao reduto comunista. A Coreia do Norte é acusada de ter escavado esse e outros três túneis, mas nega. O sul aponta que as cavidades em que a dinamite foi posicionada mostram que a passagem foi cavada em direção ao sul, e não o contrário. "Eles são mentirosos tão fofos", ironiza uma guia sul-coreana, passando os dedos pelas paredes úmidas do túnel, sujando-os de carvão. A Coreia do Norte diz que minerava carvão ali. O sul aponta que o minério não é encontrado na região -e que os comunistas pintaram as paredes para simular a mina. A permissão para visitar a DMZ varia de acordo com a atração turística, o período e a nacionalidade. Chineses e sul-coreanos têm de fazer o pedido com antecedência de até dois meses. Para visitar a chamada "Vila da Trégua", em que os Exércitos rivais ficam frente a frente, o trâmite é ainda mais complicado. Cidadãos de nações como Afeganistão, Cuba e Iraque estão vetados. O jornalista DIOGO BERCITO viajou a convite do Ministério de Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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