Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

França sugere intervenção externa na Síria

Chanceler Laurent Fabius diz que irá propor ao Conselho de Segurança da ONU 'sanções' como zona de exclusão aérea

Rússia, que mantém apoio ao regime de Assad e tem assento no Conselho, troca acusações com EUA

Shaam News Network/Reuters
Um par de sandálias permanece em piso ensanguentado em Talbisah, área próxima de Homs, onde houve tiroteio
Um par de sandálias permanece em piso ensanguentado em Talbisah, área próxima de Homs, onde houve tiroteio

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A França rompeu a cortina de insinuações das potências ocidentais e falou diretamente na possibilidade de uma intervenção militar para conter a violência na Síria.

Uma série de massacres nas últimas semanas deixou evidente o fracasso do cessar-fogo estabelecido pela ONU e reacendeu a discussão sobre uma ação armada.

A França deu um passo além, anunciando que irá propor ao Conselho de Segurança (CS) uma resolução sob o capítulo 7 da Carta da ONU, que prevê sanções e, se preciso, o uso da força.

Repetindo a constatação da ONU, o chanceler francês, Laurent Fabius, disse que a Síria está em guerra civil e que é preciso aumentar a pressão ao regime do ditador Bashar Assad para que cumpra o plano de paz do enviado especial, Kofi Annan.

"Temos que acelerar a ação no Conselho e colocar o plano Annan sob o capítulo 7", disse Fabius. "Ou seja, torná-lo obrigatório sob pena de sanções muito pesadas."

Fabius chamou a situação na Síria de "abominável", citando os relatos da ONU de que o regime usa crianças como escudos humanos.

Uma das opções seria o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, afirmou Fabius. Segundo a ONU, além de tanques e artilharia pesada, forças sírias têm usado helicópteros para atacar focos da oposição.

"Para evitar que essa guerra civil fique pior, é preciso que Assad deixe o poder e que sejam encontradas formas para que a oposição, na verdade as oposições, forneçam alternativa viável", disse.

Uma intervenção militar, sobretudo com o objetivo declarado de mudar o regime, é categoricamente rejeitada por China e Rússia, o que torna improvável o consenso necessário para uma ação com o aval da ONU.

No Irã, o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, negou que seu país forneça helicópteros de ataque à Síria, rebatendo a acusação feita na véspera pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Lavrov partiu para o ataque, no que parecia uma acusação de que os EUA estão ajudando a armar os rebeldes sírios. Hillary logo respondeu, afirmando que a única ajuda dos EUA aos opositores é humanitária.

Moscou depois esclareceu que não foi exatamente essa a declaração de Lavrov, atribuindo o mal-entendido a uma imprecisão da tradução do russo para o farsi.

Mas a frase supostamente correta, divulgada pela agência de notícias russa Tass, também não poupa críticas aos norte-americanos.

Os EUA enviam "equipamentos militares especiais" a países do golfo Pérsico, disse Lavrov, e "acham que não tem nada de mais".

A TV estatal síria informou que forças do regime "limparam de grupos terroristas" a cidade de Haffa, onde o cerco militar levou os EUA a alertar sobre o risco de um novo massacre. Os rebeldes confirmaram a retirada.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.