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Irmandade se antecipa e declara vitória no Egito

Partido islâmico diz que venceu o segundo turno da eleição presidencial

Resultado oficial só deverá ser anunciado na quinta; ex-premiê de ditador se recusa a reconhecer a derrota

Asmaa Waguih/Reuters
Filhos de apoiadores de Mursi celebram na praça Tahrir
Filhos de apoiadores de Mursi celebram na praça Tahrir

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Após meses de protestos e confrontos violentos, a praça Tahrir, no centro do Cairo, viveu ontem um dia de festa, com milhares de pessoas comemorando a suposta vitória do islamita Mohamed Mursi na primeira eleição presidencial livre da história do Egito.

Para elas, pouco importava o fato de o triunfo não ser baseado em números oficiais -estes só devem ser divulgados na quinta-feira. Bastou a Irmandade Muçulmana declarar vitória, no início da manhã, para a festa começar.

A aparente eleição de Mursi é confirmada pela apuração extraoficial publicada no jornal estatal "Al Ahram", dando ao islamita 51,9% dos votos, contra 48,1% do ex-comandante militar Ahmed Shafiq.

A campanha de Shafiq rejeitou os números e expressou confiança na vitória do último premiê apontado pelo ex-ditador Hosni Mubarak, deposto no ano passado.

"Peço ao povo egípcio que espere os resultados oficiais antes de tirar conclusões", disse Ahmed Sarhan, porta-voz de Shafiq.

Mursi não esperou a apuração final para falar como presidente eleito. Num concorrido pronunciamento de madrugada, agradeceu a Deus por "guiar o povo do Egito no caminho da liberdade e da democracia" e prometeu unir o país "sem vingança ou acerto de contas".

Em seguida foi para a praça Tahrir, onde se juntou a centenas de pessoas que, apesar da hora, comemoravam uma vitória cercada de incerteza sobre as prerrogativas do novo presidente.

Na véspera, a Junta Militar que governa o Egito desde a queda de Mubarak surpreendeu o país ao divulgar emendas à Constituição provisória que lhe dá amplos poderes e enfraquece os do presidente.

Com o decreto, os militares assumem o Poder Legislativo e a tarefa de nomear a comissão que redigirá a nova Constituição. Também determina que o presidente não terá controle sobre o orçamento militar nem pode declarar guerra sem aprovação das Forças Armadas.

As medidas foram consideradas por opositores do antigo regime o complemento do golpe de Estado iniciado na quinta-feira, quando o Parlamento dominado por forças islamitas foi dissolvido por ordem do Supremo.

"As emendas anunciadas na calada da noite pegaram todos de surpresa, mas não o fato de os militares consolidarem seu poder. É o que eles têm feito nos últimos 16 meses", disse à Folha o economista Galal Amin.

A Junta Militar procurou evitar o tom de confronto. Numa longa entrevista coletiva, os generais prometeram transferir o poder ao presidente eleito no fim do mês. "Confiem nas Forças Armadas", disse o general Mandouh Shahin. "Não queremos o poder."

SINAI

Militantes que atravessaram a fronteira do deserto do Sinai, no Egito, para Israel atiraram em israelenses que trabalhavam na construção de uma barreira, matando um deles. Em resposta, os soldados mataram dois invasores, disse o Exército de Israel.

Horas depois, um ataque aéreo israelense matou quatro palestinos na faixa de Gaza, incluindo dois militantes do grupo Jihad Islâmica.

Com agências de notícias

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