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Em dia de 'ressaca' em Assunção, Franco faz 1ª aparição em missa

ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO

A primeira aparição pública do presidente recém-empossado do Paraguai, Federico Franco, foi em uma missa campal na Praça das Armas, na capital Assunção, onde, menos de 24 horas antes, manifestantes protestavam contra o "golpe de Estado" que o levou ao poder.

Ao lado da mulher, a deputada Emilia Alfaro, Franco ouviu a um sermão de tom fortemente político do monsenhor Edmundo Valenzuela, número dois da Conferência Episcopal Paraguaia, que destacou "ainda não estar claro se os passos [do impeachment] foram justos".

Ele deixou claro que a Igreja espera que Franco "enfrente o problema da distribuição da terra" e se dedique ao desenvolvimento agrário.

"As novas autoridades devem dar resposta séria e concertada à pobreza, caso contrário seguirão carregando sobre as costas a responsabilidade da violência."

Ao lado de Franco, estavam os novos ministros do Exterior, Félix Fernández, e do Interior, Carmelo Caballero, além da cúpula militar -que, por enquanto seguirá a mesma do governo Lugo.

Homens armados com metralhadoras faziam a segurança do novo presidente, mas não houve qualquer ameaça de protesto.

Durante todo o dia, a capital tentou voltar à sua rotina, mas as conversas de vários moradores giravam em torno de um só assunto: como os parlamentares conseguiram destoar tanto da vontade da população que representam no Congresso.

"Eles não são deuses, não podem decidir nosso futuro assim. O povo pensa completamente diferente. Não reconheceremos esse governo, ele não representa o nosso povo", repetia o feirante Nelson Gonçalves, 40, um dos poucos a ir à praça em frente ao Congresso, lotada de manifestantes no dia anterior.

O movimento quase inexistente da feira de sábado demonstrava ser um dia atípico na vida dos paraguaios.

Para a estudante Victoria Flores, 25, o impeachment do presidente convém só aos parlamentares: "Essa é a mesma gente que governou o Paraguai por mais de 30 anos".

Ela, no entanto, comemorou a decisão de Lugo de não renunciar ante à pressão do Congresso: "Ele fez o que tinha de fazer".

Lugo sinalizou ontem que pode concorrer ao Senado no ano que vem, mas isso depende de a Justiça absolvê-lo.

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