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Opinião

Crise expõe inseguranças da diplomacia brasileira

ALBERTO PFEIFER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A data da coroação do Brasil como novo protagonista mundial seria em 22 de junho de 2012. Mas o encerramento da conferência Rio+20 frustrou-se, não pelo anúncio da anódina declaração final.

O fato do dia foi a remoção do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. O sucedido em Assunção revelou nosso calcanhar de Aquiles: a dificuldade de o Brasil ordenar a América do Sul a partir da solidariedade cooperativa e da liderança assertiva.

Os Poderes constitucionais paraguaios agiram dentro da legalidade e afastaram o chefe de governo. Os prazos procedimentais podem ser curtos, mas o país não pode ser penalizado por atos legítimos de suas autoridades.

Na Cúpula do Mercosul de Mendoza, suspender os direitos políticos do Paraguai desconsiderou o país como fundador do bloco e ignorou o peso das relações bilaterais.

Irrefletidas ações carcomem construções institucionais que tomaram décadas de esforço de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O Mercosul se desmantela.

O Brasil cambaleia ante sua própria esfinge, indefinido entre se conduzir de forma madura no exterior e a insegurança de suas debilidades. É o caso de repensar a competência diplomática num século 21 em que nossa responsabilidade como país se dará em função da habilidade de lidarmos com nossa região, a América do Sul.

ALBERTO PFEIFER é membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional/USP

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