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Brasil e EUA divergem sobre crise paraguaia

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

Brasil e EUA tomaram rumos opostos diante da crise política no Paraguai. Brasília voltou a criticar o relatório do chefe da Organização dos Estados Americanos sobre o tema, e Washington avalizou o texto e a ideia de que não há por que suspender Assunção da OEA.

"A OEA não adotou posição", disse o chanceler Antonio Patriota em audiência no Senado ontem, referindo-se à sessão da véspera no organismo. "[O relatório] foi manifestação do secretário-geral [José Miguel Insulza] que não reflete o consenso dos Estados-membros."

A cacofonia no grupo de 34 países é patente nas sessões: há os que querem a suspensão de Assunção do Conselho Permanente; os que preferem examinar o relatório e outras propostas para decidir e os que, como Insulza, alegam que punição a dez meses da eleição presidencial prejudicaria "só a população paraguaia".

No último grupo estão EUA, Canadá, México e países da América Central; no primeiro, Brasil, Argentina, Equador, Venezuela, Uruguai, Nicarágua e Bolívia. Nova sessão será marcada para decidir o que fazer.

"Estamos numa fase deliberativa", disse Patriota. "O Brasil [está] se coordenando com países da Unasul e mantém a mesma posição." Mercosul e Unasul suspenderam Assunção por desrespeitar a democracia.

Para a chefe da diplomacia dos EUA para a região, porém, a ação é precipitada.

"O relatório foi muito bem feito", disse a secretária-assistente de Estado Roberta Jacobson, em entrevista coletiva. "Está certo quando diz que neste momento não parece haver razão para suspender o Paraguai da OEA."

Os EUA integraram a missão, no início do mês, com Canadá, México, Honduras e Haiti. Em três dias, o grupo ouviu vários atores políticos paraguaios sobre o impeachment que destituiu Fernando Lugo em 30 horas e concluiu que ele respeitou a Constituição, apesar do pouco tempo para defesa.

"Temos de garantir que, nesse período de transição, o Paraguai fique pronto para eleições exemplares em abril", disse Jacobson, tentando pôr panos quentes. "Nesse aspecto, temos muito em comum com todos os parceiros regionais que querem cooperar com o país."

Indagada pela Folha se os EUA não temem que a crise faça extrapolar a tentativa de esvaziar a OEA por países descontentes com seu sistema de direitos humanos, inclusive o Brasil, ela disse esperar o contrário. "Vejo o Paraguai como a chance de ampliar nossa cooperação, não as divisões."

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