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Oposição síria lança nova ofensiva para "liberar" Damasco

Combates contra regime de Assad se intensificam pelo 3º dia na capital do país; reunião na ONU deve ser adiada

Embora o ditador sírio mantenha controle sobre capital, analista vê 'efeito psicológico' de ideia de fragilidade

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

As forças rebeldes vão intensificar os ataques na capital síria, anunciou um comandante do ELS (Exército Livre da Síria), numa ofensiva para "libertar Damasco".

A capital síria viveu ontem, pelo terceiro dia, os combates mais intensos desde o início da revolta contra a ditadura de Bashar Assad, dando aos rebeldes ímpeto para antever a batalha final pelo controle de Damasco.

"Não tem volta. A batalha de Damasco é uma prioridade para nós. Começamos a operação para libertar Damasco", disse o coronel Qassem Saadeddine, porta-voz do comando unido do Exército Livre da Síria.

A intensificação dos combates na capital, que até agora mantivera-se relativamente imune à violência do resto do país, é mais um sinal de vulnerabilidade do regime, após deserções recentes de membros graduados.

Ativistas e analistas concordam, porém, que a importância é mais simbólica que militar e que a superioridade numérica e de poder de fogo do Exército torna precipitada qualquer previsão sobre o fim do regime.

"É um marco psicológico, que pode ter o efeito de atrair mais gente para o lado da oposição, mas está longe de ser a batalha final. O regime é muito superior militarmente", disse o especialista em Oriente Médio Fawaz Gerges à Al Jazeera.

Ontem o ELS enviou mais combatentes rebeldes a Damasco, depois de acusar o regime de usar helicópteros para atacar focos da oposição na periferia da capital.

CONTROLE

Intensos combates repetiram-se durante o dia e os rebeldes anunciaram controlar partes do sul da capital, mas disseram ter sido impedidos de chegar ao centro de Damasco por forças do regime.

Saadeddine disse que a ofensiva rebelde na capital vinha sendo planejada há algum tempo e que foram enviados à periferia de Damasco 50 grupos de 50 homens.

O objetivo, disse o coronel, é efetuar operações pontuais que enfraqueçam o regime, como ataques a instalações de segurança.

Além de mostrarem maior organização que nos últimos meses, os rebeldes já contam com armamento mais pesado que antes, como tanques tomados do Exército.

Mais de 500 sírios, incluindo vários oficiais desertores, fugiram para a Turquia no início da semana, informou o diário turco "Zaman".

Além disso, o governo francês confirmou que o general Manaf Tlas, oficial sírio mais próximo do poder a trocar de lado, está em Paris.

Ex-chefe da guarda presidencial e amigo de infância do ditador Bashar Assad, Tlas havia mantido silêncio desde que deixou a Síria, há dez dias, alimentando especulações sobre seu paradeiro.

Em mensagem enviada à agência France Presse, Tlas condenou a violência do regime e disse que ficou isolado ao se negar a participar da repressão aos opositores.

Em meio à escalada no conflito armado, já descrito pela Cruz Vermelha como guerra civil, continua o impasse no front diplomático.

ONU

Marcada para hoje, a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a crise deve ser adiada para quinta ou sexta, segundo o jornal britânico "Daily Telegraph".

Uma resolução apoiada pelas potências ocidentais propõe impor sanções à Síria caso o regime não suspenda a ofensiva com artilharia pesadas dentro de dez dias.

Sanções, contudo, são rejeitadas pela Rússia, que propõe prorrogar por mais 90 dias a missão de observadores da ONU na Síria, cujo mandato termina na sexta.

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