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Opinião

Queda forte do euro pode ser solução para a crise do bloco

A queda do euro reflete a percepção do mercado de que a moeda precisa recuar ou a zona do euro entrará em colapso

MARTIN FELDSTEIN
DO "FINANCIAL TIMES"

A possível dissolução da zona do euro agora está sendo abertamente discutida por autoridades e executivos.

A taxa de juros sobre os títulos da dívida pública espanhola disparou para além dos 7%, o que reflete a falta de progresso do governo nacional e dos governos de Valência e de outras províncias quanto a reduzir seus deficit.

A Grécia provavelmente será reprovada em sua inspeção pela "troica" e isso a deixará mais perto de sair da zona do euro no final do ano.

A última conferência de cúpula da zona do euro terminou com um comunicado otimista, mas sem avanços substanciais. Enquanto isso, os mercados financeiros podem já estar começando a forçar uma solução com as autoridades em Bruxelas.

A queda do valor do euro pode ser a chave para a sobrevivência da moeda unificada.

O euro caiu em 15% com relação ao dólar, nos últimos 12 meses. Caso caia mais 15%, chegaria perto da paridade com a moeda americana.

Uma queda no valor do euro pode reduzir os preços das exportações da zona do euro e elevar os custos das importações, reduzindo ou eliminando os deficit em conta-corrente de países europeus periféricos, já que cerca de metade do comércio externo da região ocorre com nações que não integram o bloco.

O aumento nas exportações líquidas dos países periféricos também elevaria seu PIB e assim reverteria as recessões causadas por impostos mais altos e cortes nos gastos governamentais.

Isso tornaria politicamente mais fácil obter a consolidação fiscal necessária.

A queda continuada do euro reflete a percepção do mercado de que o euro precisa recuar ou a zona do euro entrará em colapso.

Uma zona do euro resgatada ainda enfrentaria o problema inerente à moeda unificada: políticas monetárias inapropriadas em diferentes países e diferentes momentos.

Mas os demais problemas do euro talvez não continuem. Os mercados de títulos impedirão a captação excessiva por governos e indivíduos que ocorreu na década passada. E os países periféricos estão começando a adotar as reforma necessárias, que podem reduzir as diferenças de produtividade e os custos por unidade de mão de obra, o que contribuiu para a ampliação dos deficit comerciais.

Tentar um novo começo para o euro continua a valer a pena.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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