Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Foco

Desde 2008, mais de 70 'narcotúneis' foram achados na divisa México/EUA

DE BUENOS AIRES

Bigode, sobrancelha grossa, laço no pescoço. A imagem de Jesús Malverde, ou o "santo dos narcotraficantes", um ícone religioso popular do norte do México, está logo na entrada do túnel.

Do lado de fora, caminhões carregados de maconha esperando para embarcar em minúsculos vagões.

Foi com imagens assim que as polícias mexicana e norte-americana se depararam no mês passado, quando nada menos que quatro túneis para transporte clandestino de drogas foram descobertos na fronteira entre os dois países.

O mais espetacular deles ligava a cidade mexicana de San Luis Río Colorado, no Estado de Sonora, a um centro comercial de San Luis, Arizona (nos Estados Unidos).

Até agora, desde 2008, já foram localizados mais de 70 "narcotúneis", pelos quais passa boa parte do tráfico de cocaína, metanfetamina e maconha. Calcula-se que existam mais de 200 ao longo da linha fronteiriça.

As regiões da Califórnia e do Arizona são as preferidas por terem solo com muita argila e, por isso, serem mais fáceis de perfurar.

Cada um demora de seis meses a um ano para ficar pronto e é cavado com pás e pequenas escavadeiras. O revestimento é feito de madeira e chapas de metal.

Segundo a DEA (agência americana antidrogas), não se trata de um trabalho de amadores, e os narcotraficantes devem contratar engenheiros habilitados para projetá-los. O custo de um túnel é de cerca de US$ 1,5 milhão.

As equipes trabalham de noite e, durante o dia, dormem no ponto de abertura do túnel, até que fique pronto.

Em junho, o presidente Barack Obama aprovou uma lei que fortalece a penalização pela construção, uso e financiamento de túneis na fronteira com o México.

Do lado mexicano, o recém-eleito Enrique Peña Nieto promete atacar o problema aumentando o orçamento da vigilância fronteiriça.

O vencedor das últimas eleições já declarou que não haverá "nem trégua nem pacto", com relação ao narcotráfico durante sua gestão.

Peña Nieto, porém, discorda da política bélica de combate ao crime levada adiante pelo atual presidente, Felipe Calderón e que já causou mais de 50 mil mortes.

Em sua campanha, apresentou a proposta de criar uma polícia regional e de mudar o foco das prisões. Em vez de perseguir prioritariamente os lordes da droga, apontará para os escalões inferiores dos cartéis e os matadores de aluguel.

(SYLVIA COLOMBO)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.