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Oposição na Síria, a exemplo da Líbia, resgata bandeira para a insurgência

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Caso conhecessem o hino nacional brasileiro, talvez os insurgentes sírios dissessem que sonham com um lábaro mais estrelado para a Síria.

Enquanto tomam as ruas para destronar o ditador Bashar Assad, rebeldes propõem a troca da bandeira atual, com duas estrelas no centro, por outra com três astros.

A exemplo do experimentado na Líbia, eles querem livrar-se não só do regime, mas dos símbolos que ele instituiu.

Assim, com a ideia de recomeçar o país no ponto em que estava à época da tomada de poder pela família Assad, a insurgência resgatou uma bandeira criada em 1932.

O historiador sírio Sami Moubayed, que recentemente escreveu sobre a história das bandeiras para a revista "Foreign Policy", chama a atenção quanto à diferença no significado da bandeira da insurgência em relação à atual.

A bandeira instituída pelo regime homenageia o esforço para conquistar a liberdade (vermelho), livrando o país da opressão (preto) e alcançando assim a paz (branco).

As duas estrelas no meio são um resquício de quando essa bandeira foi utilizada na República Árabe Unida -simbolizam Egito e Síria, que durante um breve período (1958-61) foram um só país.

Já o estandarte insurgente resgata o passado longínquo da nação, ao fazer referência a três períodos essenciais da história do islã -o califado rashidun (632-661), no verde; o califado omíada (661-750), no branco; o califado abássida (750-1258), no preto.

As três estrelas, diz Moubayed, são símbolo da unidade síria. Uma para cada revolta contra a ocupação francesa: a insurgência alauita, a druza e a do norte do país.

"Mas não acho que os rebeldes saibam de tudo isso. Eles estão imitando a Líbia, que fez o mesmo", nota Moubayed em entrevista à Folha.

Ahmad Masrey, do grupo de oposição LCC, concorda. "Mas a população também não sabe o que significa a bandeira atual", diz à reportagem.

Os ativistas ouvidos pela Folha afirmam que a adoção do estandarte da insurgência não foi planejado como uma ação individual. "Começou com grupos pequenos", diz Khaldoon al Aswad, do LCC.

"O importante aqui é que eles estão buscando um meio, qualquer que seja, de se diferenciar dos manifestantes pró-regime", diz Moubayed.

ALEPPO

Ontem, os combates em Aleppo, a maior cidade da Síria, continuaram. Após perderem terreno, rebeldes prometem um contra-ataque.

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