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Análise

Em sistema sem voto obrigatório, falta de convicção pode prejudicar candidato

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O candidato da oposição nos Estados Unidos, Mitt Romney, fez ontem o discurso mais importante de sua vida até agora, sem grosserias, falsidades ou virulência.

Seu comportamento civil fala bem do homem, mas pode prejudicar o candidato.

Num sistema eleitoral em que o voto não é obrigatório, ser capaz de gerar entusiasmo entre os aliados costuma ser decisivo para a vitória.

Barack Obama galvanizou as bases do Partido Democrata em 2008, e venceu. As do Partido Republicano, que preferem plataformas mais reacionárias a cada ano, ainda não demonstram muito arrebatamento por Romney.

Romney falou de "amor incondicional" como valor essencial na vida, a exemplo de sua mulher, Ann, na terça-feira, e ao contrário do orador principal da convenção, Chris Christie, que disse que o respeito é superior ao amor.

Ele tentou atrair o eleitorado feminino, grupo demográfico em que está em larga desvantagem (como entre negros, hispânicos -contemplados pelo belo discurso com que Marco Rubio o apresentou ontem- e jovens): lembrou que sua mãe foi candidata ao Senado, e mencionou que quando foi governador uma mulher foi sua vice.

Criticou Obama, esboçou um projeto econômico, com base em platitudes consensuais (independência energética, educação profissionalizante, livre comércio, redução do deficit público e incentivo a pequenas empresas).

Recebeu grandes aplausos, claro, os maiores. Afinal, quem não tem cão caça com gato (os republicanos bem que tentaram muitos cães antes de se conformar com Romney). Mas foi muito menos convincente que seu energético vice, Paul Ryan.

Ryan e Christie, astros da convenção, mais pavimentaram seus próprios caminhos para empreitadas de maior envergadura do que tentaram ajudar a construir o de Romney para a Casa Branca, como seria lícito supor.

Christie, 51, e Ryan, 42, podem aguardar dois mandatos de Romney, 65, até sua vez chegar. Terem preferido, na festa de Romney, priorizar a si próprios, não a ele, dá a medida dos problemas do candidato entre os parceiros.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa" e autor,
entre outros livros, de "Correspondente Internacional" (Editora Contexto)

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