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Receita argentina faz perguntas sobre mídia

Fichas com questões sobre veículos e jornalistas preferidos estão sendo distribuídas pelo órgão a contribuintes

Segundo governo, intenção é melhorar divulgação de informes; veículos críticos veem possível intimidação

DE SÃO PAULO

A Administração Federal de Receitas Públicas da Argentina (Afip) -órgão equivalente à Receita Federal-está distribuindo um formulário aos contribuintes sobre seus hábitos de mídia.

A ficha inclui perguntas sobre quais os veículos mais acompanhados e os jornalistas de preferência.

De acordo com reportagem publicada pelo jornal "Clarín", o questionário de oito páginas vem sendo distribuído em agências da Afip de todo o país. O preenchimento é opcional.

O "Clarín", que se diz perseguido pela presidente Cristina Kirchner, afirma que o formulário é uma forma de patrulha ideológica contra leitores, que precisam se identificar.

Segundo o governo, a intenção é "determinar as vias mais adequadas de difusão" de seus comunicados e mensagens institucionais.

As 23 perguntas fazem referência a questões específicas sobre a preferência dos cidadãos argentinos em relação a jornais, rádios, canais de televisão e sites.

Nas questões 8 e 11, são pedidos os nomes dos jornalistas preferidos. Na sequência, o contribuinte deve justificar a escolha, optando entre alternativas como credibilidade, seriedade e trajetória.

CRÍTICAS

Apesar de a intenção oficial da agência ser orientar suas políticas de comunicação, o formulário é visto como um lance da disputa entre Cristina e a imprensa

A mandatária faz referências constantes aos meios de comunicação durante seus discursos, na maior parte criticando os opositores, especialmente o Grupo Clarín, a quem os governistas chamam de "monopólio". O jornal "La Nación" também é um alvo constante da Presidência.

A tática é usada por outros funcionários do alto escalão do governo. A maioria deles não concede entrevistas aos meios de comunicação críticos. Cristina não responde a perguntas da imprensa desde 2008, o primeiro ano de seu mandato.

Além das críticas e da recusa de entrevistas, o governo aumentou significativamente a influência sobre a mídia, por meio de recursos provenientes da pauta publicitária oficial.

Devido à política, diversos veículos mudaram a linha editorial, como o jornal "Página/12" e a rede de televisão América, terceira maior do país. As medidas aumentaram após a aprovação da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, em 2009.

Ao mesmo tempo, empresários que possuem relações com o governo compraram empresas de comunicação, o que aumentou o espectro de influência de Cristina.

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