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Análise

Romney tenta lustrar política externa, mas dá tiro no pé

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Os ataques na Líbia e no Cairo surgiram como a oportunidade perfeita para o candidato republicano Mitt Romney defender seu grande flanco: a política externa.

Pelo menos, esse foi o raciocínio dos estrategistas da campanha de Romney ao divulgar comunicados criticando a abordagem do governo Obama. Mas, no afã de demonstrar suas credenciais de estadista, o republicano pode ter posto tudo a perder.

Romney tem sido atacado pelos democratas por sua falta de experiência em relações internacionais. O candidato não mencionou as tropas americanas lutando no Afeganistão em seu discurso na convenção do partido.

Foi massacrado pela "insensibilidade" com os soldados. Sua viagem de batismo em política externa, em julho, foi um festival de gafes. Conseguiu ofender os anfitriões da Olimpíada, os britânicos, titulares da "relação especial" com os EUA.

E sua visão de que a Rússia é o maior inimigo dos EUA é alvo de desdém.

Pela primeira vez em muitas eleições, os democratas têm vantagem em política externa. O presidente Barack Obama, vulgo "o homem que matou Osama bin Laden", tem vantagem de 11 pontos sobre Romney em combate a terrorismo, segundo pesquisa ABC/"Washington Post".

Por isso, os estrategistas de Romney se agarraram com sofreguidão à chance de se posicionar diante de um grande incidente externo.

Era a oportunidade de reafirmar o mantra "Obama vive pedindo desculpas aos inimigos" dos EUA.

Mas o tiro pode ter saído pela culatra. Peggy Noonan, uma das grandes vozes do establishment republicano, disparou: "Quando se divulgam comunicados sobre um evento dramático, fica-se sempre aberto a acusações de tentar explorar os acontecimentos politicamente".

Um dos papas do comentariado conservador, Bill Kristol, saiu em defesa do republicano. Disse que Romney está certo ao usar o ataque para explicar as diferenças entre a sua política externa e a de Obama. Esse pode ser um "ponto de inflexão na campanha", diz.

Sim, mas talvez uma inflexão para o lado oposto ao desejado pelos republicanos.

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