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Premiê explica com desenho ameaça do Irã

Em discurso na ONU, israelense Netanyahu diz que programa nuclear iraniano tem de ser detido em no máximo um ano

Analistas veem prazo como ultimato para um possível ataque de Israel; Teerã nega que queira fabricar bomba

Mario Tama/France Presse
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, mostra desenho em cartolina para exemplificar o que, segundo ele, é o progresso do Irã na obtenção da bomba
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, mostra desenho em cartolina para exemplificar o que, segundo ele, é o progresso do Irã na obtenção da bomba

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Entre seis meses e um ano. Esse é o tempo que resta para que o programa nuclear iraniano possa ser detido, antes que seja tarde demais para impedir a produção de uma bomba atômica.

O alerta foi a principal mensagem do discurso feito ontem pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, na Assembleia-Geral da ONU.

O prazo, que analistas israelenses interpretaram como um ultimato para um possível ataque israelense, ofuscou o esperado duelo entre Netanyahu e o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que ocupara o mesmo púlpito pouco antes.

Teerã afirma que seu programa atômico tem fins pacíficos, e o presidente iraniano, em discurso na ONU um dia antes, acusara Israel e o Ocidente de "intimidação nuclear" contra seu país.

Em sua resposta, Netanyahu citou profetas e heróis bíblicos, exaltou os avanços científicos de Israel, comparou o Irã à rede terrorista Al Qaeda e discorreu sobre o choque de civilizações entre o moderno e "as forças medievais do islã radical".

Mas o momento mais lembrado de seu discurso certamente será a exposição gráfica dos limites que, segundo Netanyahu, devem ser impostos ao Irã para que a república islâmica desista de fabricar a bomba atômica.

Munido de uma cartolina com o desenho de uma bomba com o pavio aceso, o premiê israelense disse que 90% do caminho iraniano para a produção de armas nucleares estará completo "até a próxima primavera, no máximo até o próximo verão".

Isso equivale a entre seis meses e um ano no calendário do hemisfério Norte. Com uma caneta vermelha, riscou uma linha onde deve ser imposto o ultimato ao regime iraniano -uma linha vermelha, na expressão em inglês.

"Dali em diante, serão apenas alguns meses, possivelmente algumas semanas até que eles tenham urânio enriquecido suficiente para a primeira bomba", alertou.

"A questão relevante não é quando o Irã terá a bomba, mas em que estágio não poderemos mais impedir que o Irã alcance a bomba."

Confrontado por repórteres israelenses sobre a expressão simplista do diagrama exibido por Netanyahu, o chanceler de Israel, Avigdor Lieberman, disse que a intenção era exatamente essa.

"O recado não foi só para chefes de Estado, mas sobretudo para a opinião pública mundial. Quando falamos de linha vermelha, parece conceito virtual, mas hoje o premiê mostrou que é algo real."

Os israelenses não escondiam a satisfação por terem concentrado as atenções no programa nuclear iraniano, um ano após a Assembleia-Geral ter sido dominada pela campanha pelo reconhecimento do Estado palestino.

Sem a badalação de 2011, o discurso do presidente palestino, Mahmoud Abbas, expressou o desespero de um líder encurralado entre uma profunda crise financeira, a divisão interna e o beco sem saída que virou o processo de paz com os israelenses.

Abbas acusou Israel de praticar "limpeza étnica" com a ocupação dos territórios palestinos e prometeu, sem dar datas, apresentar um pedido para elevar o status da Palestina na ONU.

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