Teerã culpa polícia de NY por ataque a porta-voz

O Irã acusou a polícia americana de ter permitido que militantes contrários ao governo do país agredissem anteontem seu porta-voz perto da sede da ONU.

Registrado em vídeo, o ataque ao diplomata Ramin Mehmanparast, principal interlocutor da mídia estrangeira em Teerã, coincide com dois outros reveses para a máquina de relações públicas do Irã: a prisão do chefe de comunicação do presidente Mahmoud Ahmadinejad e a morte do correspondente de uma TV estatal iraniana em combates na Síria.

"A responsabilidade de proteger todos os diplomatas cabe ao governo dos EUA", disse Alireza Miryusefi, diplomata de Teerã na ONU.

Pelas convenções em vigor, o país anfitrião deve garantir a segurança de delegações oficiais estrangeiras.

Miryusefi disse que os agressores são militantes do Mujahedin Khalk (MKO), um grupo iraniano dissidente ultrarradical que os EUA estão prestes a retirar da sua lista de organizações terroristas.

A polícia de Nova York minimizou o incidente e disse ter protegido Mehmanparast, que, segundo ela, não teria sofrido violência.

Mas imagens disponíveis na internet mostram claramente o porta-voz cercado sendo vítima de tapas, socos e empurrões quando voltava a pé da sede da ONU até o hotel da delegação iraniana.

Mehmanparast só foi escoltado e levado até um carro de polícia depois de andar sem rumo por ao menos três minutos tentando escapar de um grupo de dezenas de pessoas que aparentavam ser iranianas e falavam farsi.

O ataque ao porta-voz ocorreu instantes após o chefe de comunicação de Ahmadinejad, Ali Akbar Javanfekr, que ficara no Irã, ser encarcerado numa prisão de Teerã.

Javanfekr é acusado de ter publicado nos jornais que dirige conteúdo ofensivo aos valores da República Islâmica. A ala mais extremista do Irã acusa Ahmadinejad e seu clã de defender ideias liberais incompatíveis com o Estado.