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Jornalista detido compara Caracas a ditadura

Jorge Lanata, do 'Clarín', foi retido na Venezuela ao retornar da cobertura das eleições

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O jornalista argentino Jorge Lanata e sua equipe foram detidos anteontem no aeroporto de Caracas ao retornarem da cobertura das eleições na Venezuela.

"Retiveram nossos passaportes, apagaram gravações e os contatos dos nossos celulares. Não é muito diferente o que está acontecendo lá do que aconteceu na Argentina durante a ditadura", afirmou o jornalista.

Lanata é uma das principais vozes críticas da imprensa argentina e desafeto da presidente Cristina Kirchner, aliada de Hugo Chávez.

Ele comanda hoje o principal programa que se opõe ao kirchnerismo. "Periodismo para Todos" vai ao ar nas noites de domingo por um canal aberto do Grupo Clarín (opositor) e é uma mistura de humor com jornalismo, com reportagens de denúncias de corrupção e imitações da presidente e de outros políticos.

A seguir, os principais trechos da entrevista que Lanata concedeu à Folha, em sua casa, em Buenos Aires.

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Folha - Há semelhanças entre Venezuela e Argentina hoje?

Jorge Lanata - Lá a situação é muito pior, e Chávez é um militar. Aqui há sociedade crítica e menos ações de expropriações. Mas as diferenças param aí. Tanto lá como aqui o governo define os jornalistas como agentes de perturbação social.

Também vejo semelhança no modo como se encara a democracia. Nos dois países, há a ideia de revolução. Nesse contexto, muitas coisas parecem lógicas, como controlar o dólar, restringir viagens, calar a imprensa opositora.

Como vê a Argentina a partir de suas viagens?

Para o interior não houve evolução na história da democracia, o país está como em 1983. São feudos, governados por famílias, com estados paralelos. No programa que fizemos sobre Jujuy pode-se ver isso. O grupo Tupac Amaru, ligado ao governo, confiscou nosso equipamento e nos intimidou.

Seu programa é a principal arma do "Clarín" contra o governo. Como vê a perspectiva do 7-D (7 de dezembro, data em que, segundo a Lei de Meios, o grupo terá de abrir mão de um de seus canais)?

O governo fala tanto no 7-D como um ultimato que algo terá de acontecer. Cristina quer recuperar a mística do kirchnerismo, que vem sendo perdida desde o início do ano por causa da economia, do escândalo de corrupção do vice-presidente, do acidente de trem do Once.

De certa forma, ela conseguiu um pouco disso com a nacionalização da YPF, que teve ampla aceitação.

Seu programa é um show político nos moldes do que fez nos anos 1990. O que mudou de lá pra cá?

Nos anos Menem (1989-1999), fui muito duro com o governo, tanto no "Pagina 12" [jornal que fundou] como na TV. A diferença é que Menem tinha senso de humor.

Esse grupo não tem isso e é mais fanático. Com fanatismo, não há lugar para o humor.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1166839

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