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Jornalista brasileiro é solto depois de 4 dias preso na Síria

Germano Assad, 26, estudava árabe no país e colaborava eventualmente com a Folha; embaixador brasileiro intermediou libertação

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Depois de passar quatro dias preso em Damasco, o jornalista brasileiro Germano Assad, 26, foi libertado na noite de quarta-feira e embarcou anteontem de volta para para o Brasil.
Ele havia chegado à Síria alguns meses atrás, no início da revolta popular contra o ditador Bashar Assad, com um visto de estudante para fazer um curso de árabe.
Durante sua permanência na Síria, Germano colaborou com a Folha, enviando reportagens sem se identificar, por razões de segurança.
Alertado sobre a prisão pelo jornal, o embaixador do Brasil em Damasco, Edgard Casciano, intercedeu em seu favor junto à chancelaria síria e conseguiu sua libertação horas depois.
As autoridades sírias informaram ao governo brasileiro que Germano foi detido por estar trabalhando como jornalista sem autorização.
Nascido em Curitiba, Germano é de origem síria mas, apesar do nome, não tem nenhuma ligação com a família do ditador do país.
Ele contou que foi arrancado de um táxi por agentes de segurança na noite de domingo perto do apartamento em que morava, na cidade antiga de Damasco. No momento da prisão, se preparava para deixar o país, depois de rumores insistentes de que estava na mira da polícia.
Passou quatro dias numa pequena solitária em que mal podia se levantar, segundo ele, dormindo sobre uma manta no chão. Foi submetido a longos interrogatórios, mas não sofreu nenhuma violência física.
Em conversa com a Folha pouco após ser libertado, ele disse que se sentia "sujo e com o corpo moído", depois de três noites confinado na solitária e sem tomar banho, mas que estava bem.
A impressão de Germano é que os investigadores tinham um informante muito próximo dele, dada a quantidade de informações detalhadas que possuíam sobre seu cotidiano em Damasco.
A ditadura síria apertou ainda mais o cerco ao trabalho de jornalistas desde o início da revolta, em março, e limitou a números mínimos a entrada da imprensa estrangeira no país.
Segundo a organização Repórteres sem Fronteiras, mais de 40 jornalistas e blogueiros continuam presos ou estão desaparecidos.
Apesar do acordo estabelecido na semana passada com a Liga Árabe, em que o governo sírio se comprometeu a cessar a violência contra os oposicionistas e retirar os tanques das cidades, a repressão continua.
Pela mais recente estimativa da ONU, ao menos 3.500 pessoas foram mortas nos últimos oito meses na repressão das forças de segurança aos protestos.

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