|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARGENTINA
Câmara aprova reforma que amplia Previdência estatal
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
A reforma previdenciária
proposta pelo presidente da
Argentina, Néstor Kirchner,
foi transformada em lei na
noite de anteontem. O novo
sistema, aprovado na Câmara por 209 votos a 10, incentiva a migração da aposentadoria privada para o regime
estatal. A reforma devolveu
ao contribuinte argentino a
liberdade de escolher entre
os dois regimes e deixou o
plano estatal mais atrativo,
alterando o cálculo da aposentadoria.
Era uma antiga reivindicação no país, que, atendida a
oito meses das eleições presidenciais, pode se tornar um
grande trunfo político de
Kirchner. Cerca de 230 mil
argentinos que se aposentaram depois de 1994 no sistema estatal também serão beneficiados e terão o valor da
aposentadoria recalculado
-o aumento será de cerca de
30 pesos.
Em 1994, o então presidente Carlos Menem (1989-99) privatizou o sistema. A
medida eliminou a possibilidade de retornar ao regime
estatal quando o próprio trabalhador optava por um fundo privado ou quando a inscrição era feita pelo empregador (o que acontecia com
freqüência).
Agora, trabalhadores que
não optarem formalmente
pelo regime de sua preferência serão automaticamente
inscritos no cadastro estatal.
A regra criada no governo
Menem enviava o indeciso
para o sistema privado, após
um sorteio entre os fundos
que cobravam taxa de administração mais baixa. A estimativa é a de que somente
30% dos trabalhadores que
entram hoje no mercado de
trabalho escolham eles mesmos um dos sistemas.
De um total de 13,9 milhões de contribuintes do
sistema previdenciário na
Argentina hoje, 81,5% estão
listados em fundos de pensão privados, enquanto
18,5% seguem no regime
controlado pelo Estado.
Especialistas esperam que
uma grande parcela dos contribuintes retorne ao Estado,
já que desde o auge da crise
argentina a confiança no sistema privado ficou abalada
-70% dos ativos dos fundos
de pensão estavam aplicados
em bônus do Tesouro e a moratória de 2001 foi um golpe
sem precedentes.
Texto Anterior: População elogia força, mas pede fim da miséria Próximo Texto: Morales decreta "desastre nacional" por cheia Índice
|