São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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FRANÇA

Presidente francês e seu premiê, Raffarin, tentam recuperar popularidade

Após derrota, Chirac muda gabinete

DA REDAÇÃO

O presidente Jacques Chirac e o premiê Jean-Pierre Raffarin anunciaram ontem a composição do novo governo francês, encarregado de reverter a queda de popularidade da coalizão de centro-direita e implantar as reformas nos sistemas de seguridade social e de saúde pública. Elas se destinam a diminuir o déficit fiscal.
O gabinete chefiado por Raffarin possui 43 ministros ou secretários de Estado, dos quais 12 trocaram de cadeiras, 13 permaneceram em suas pastas e 18 entraram agora no governo.
As novidades de peso são poucas. A principal está na transferência de Nicolas Sarkozy, 49, do Ministério do Interior para o poderoso Ministério das Finanças. Para o Interior foi nomeado Dominique de Villepin, 50, que, nos últimos dois anos, chefiou a diplomacia francesa. E para o Ministério das Relações Exteriores foi nomeado Michel Barnier, 53, que era um dos representantes da França na União Européia.
A popular ministra da Defesa, Michele Alliot-Marie, e Dominique Perben, ministro da Justiça, são mantidos em suas pastas. Deixa o governo François Mattei (Saúde), considerado inábil quando da morte em massa de idosos em agosto do ano passado, quando o governo demorou para reagir à crise provocada por uma onda inédita e excessiva de calor.
A reforma no ministério foi conseqüência da derrota eleitoral dos aliados de Chirac nas eleições regionais que tiveram o segundo turno no último domingo. A oposição de esquerda venceu a maioria dos 26 conselhos regionais.
Com a reforma, Sarkozy se torna de fato o segundo homem do governo e o único a ser designado como ministro de Estado. Sua gestão no Interior, que, na França, administra a polícia, deu-lhe o maior índice de aprovação entre os integrantes do governo em razão da repressão à imigração clandestina e da queda da criminalidade, com o desmantelamento de grupos que atuavam com droga e prostituição.
O novo ministro das Finanças terá como tarefa a reforma do Estado, o que significa contrariar certos interesses da sociedade. Ela resiste à proposta de contribuir por um período maior à Previdência antes da aposentadoria e ao corte de vantagens (como reembolso das despesas com medicamentos) de um sistema público de saúde, visto mundialmente como exemplar.
O déficit do Orçamento francês é superior a 4% do PIB (total de riquezas). Deverá cair para no máximo 3%, segundo exigência do Banco Central Europeu, responsável pela saúde financeira do euro, a moeda de grande parte dos países da União Européia.
Sarkozy é um personagem ambicioso. Pretende suceder Chirac na eleição presidencial de 2007 e por isso tem entrado em atrito surdo com o presidente. Sua promoção agora anunciada é uma faca de dois gumes.
Obtendo sucesso, deverá ser o candidato presidencial do centro-direita. Se fracassar, Chirac verá neutralizado um concorrente incômodo em seu próprio quintal.
Villepin, agora ministro do Interior, cresceu politicamente no ano passado ao se tornar porta-voz da França em sua ruidosa oposição à invasão do Iraque pelos Estados Unidos. É um diplomata de carreira, poeta e escritor com erudição em história.


Com agências internacionais


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