|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRANÇA
Presidente francês e seu premiê, Raffarin, tentam recuperar popularidade
Após derrota, Chirac muda gabinete
DA REDAÇÃO
O presidente Jacques Chirac e o
premiê Jean-Pierre Raffarin
anunciaram ontem a composição
do novo governo francês, encarregado de reverter a queda de popularidade da coalizão de centro-direita e implantar as reformas
nos sistemas de seguridade social
e de saúde pública. Elas se destinam a diminuir o déficit fiscal.
O gabinete chefiado por Raffarin possui 43 ministros ou secretários de Estado, dos quais 12 trocaram de cadeiras, 13 permaneceram em suas pastas e 18 entraram
agora no governo.
As novidades de peso são poucas. A principal está na transferência de Nicolas Sarkozy, 49, do
Ministério do Interior para o poderoso Ministério das Finanças.
Para o Interior foi nomeado Dominique de Villepin, 50, que, nos
últimos dois anos, chefiou a diplomacia francesa. E para o Ministério das Relações Exteriores
foi nomeado Michel Barnier, 53,
que era um dos representantes da
França na União Européia.
A popular ministra da Defesa,
Michele Alliot-Marie, e Dominique Perben, ministro da Justiça,
são mantidos em suas pastas. Deixa o governo François Mattei
(Saúde), considerado inábil
quando da morte em massa de
idosos em agosto do ano passado,
quando o governo demorou para
reagir à crise provocada por uma
onda inédita e excessiva de calor.
A reforma no ministério foi
conseqüência da derrota eleitoral
dos aliados de Chirac nas eleições
regionais que tiveram o segundo
turno no último domingo. A oposição de esquerda venceu a maioria dos 26 conselhos regionais.
Com a reforma, Sarkozy se torna de fato o segundo homem do
governo e o único a ser designado
como ministro de Estado. Sua
gestão no Interior, que, na França,
administra a polícia, deu-lhe o
maior índice de aprovação entre
os integrantes do governo em razão da repressão à imigração
clandestina e da queda da criminalidade, com o desmantelamento de grupos que atuavam com
droga e prostituição.
O novo ministro das Finanças
terá como tarefa a reforma do Estado, o que significa contrariar
certos interesses da sociedade. Ela
resiste à proposta de contribuir
por um período maior à Previdência antes da aposentadoria e
ao corte de vantagens (como
reembolso das despesas com medicamentos) de um sistema público de saúde, visto mundialmente como exemplar.
O déficit do Orçamento francês
é superior a 4% do PIB (total de riquezas). Deverá cair para no máximo 3%, segundo exigência do
Banco Central Europeu, responsável pela saúde financeira do euro, a moeda de grande parte dos
países da União Européia.
Sarkozy é um personagem ambicioso. Pretende suceder Chirac
na eleição presidencial de 2007 e
por isso tem entrado em atrito
surdo com o presidente. Sua promoção agora anunciada é uma faca de dois gumes.
Obtendo sucesso, deverá ser o
candidato presidencial do centro-direita. Se fracassar, Chirac verá
neutralizado um concorrente incômodo em seu próprio quintal.
Villepin, agora ministro do Interior, cresceu politicamente no
ano passado ao se tornar porta-voz da França em sua ruidosa
oposição à invasão do Iraque pelos Estados Unidos. É um diplomata de carreira, poeta e escritor
com erudição em história.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Direitos: Rússia aprova lei que limita atos públicos Próximo Texto: Reino Unido: Islâmicos britânicos fazem apelo antiterror Índice
|