|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tchetcheno assume ataque em Moscou
Em vídeo, líder rebelde promete realizar mais ações terroristas no mesmo dia em que suicidas matam 12 no Daguestão
Em gravação, Doku Umarov acusa forças russas de abuso e cobra os cidadãos comuns por omissão; presidente fala em acabar com a pobreza
DA REDAÇÃO
O líder rebelde tchetcheno
Doku Umarov assumiu ontem
a autoria do atentado ao metrô
de Moscou que deixou 39 mortos na segunda-feira. O recado
veio em vídeo publicado na internet horas após um segundo
ataque suicida matar 12 na cidade de Kizliar, no Daguestão,
perto da fronteira com a Tchetchênia. Essa segunda ação ainda não foi reivindicada.
O duplo ataque de segunda
foi realizado por duas mulheres-bomba que se explodiram
nas estações de metrô Lubianka e Parque Kulturi, no centro
de Moscou, às 8h e às 8h45, o
horário de pico do sistema. "As
operações foram realizadas sob
meu comando e não serão as últimas", afirmou Umarov, que se
diz "emir do Cáucaso".
Foi o pior ato terrorista ocorrido em Moscou em seis anos.
O grupo de Umarov, Emirado
do Cáucaso, quer unir as repúblicas da região -entre elas a
Tchetchênia e o Daguestão-
num Estado islâmico independente. A corrente ganhou força
após a derrota do separatismo
tchetcheno, que se apoiava no
nacionalismo.
Na gravação de menos de cinco minutos, Umarov fala russo
e veste um agasalho camuflado,
numa região de mata.
O site kavkazcenter.com, que
publicou o vídeo do rebelde, informa que, para ele, o atentado
em Moscou foi uma "ação legítima de vingança" pela "execução de habitantes tchetchenos
e inguchétios" promovida "por
bandidos do FSB", em 11 de fevereiro, na Inguchétia, outra
república da região.
Na mensagem, o tchetcheno
ainda culpa os cidadãos russos
por omissão. "Os habitantes da
Rússia não continuarão vendo
tranquilamente pela TV o que
ocorre no Cáucaso sem se importar se há abusos ou crimes
cometidos pelos grupos dirigidos por [Vladimir] Putin [premiê russo]. É por esse motivo
que a guerra vai às suas ruas."
Putin ganhou fama em 1999
ao lançar ofensiva contra o separatismo na Tchetchênia, o
que o ajudou a chegar à Presidência um ano depois. No dia
seguinte ao ataque em Moscou,
o premiê disse ser "uma questão de honra para as forças de
segurança arrastá-los [os terroristas] dos esgotos à luz do dia".
Ontem, Putin disse crer que o
Emirado do Cáucaso esteja
também por trás do ataque no
Daguestão. O presidente Dmitri Medvedev concordou que
seriam "elos da mesma corrente". Rebeldes tchetchenos têm
um histórico de ataques suicidas, em especial com mulheres
de militantes mortos, conhecidas como "viúvas negras".
No ataque de ontem, um suicida detonou um carro no momento em que era perseguido
por policiais após ter ignorado
uma blitz. Cerca de 20 minutos
depois, quando muitas pessoas
cercavam a cena, um segundo
suicida, com uniforme policial,
se explodiu. Doze pessoas morreram, sendo nove policiais, segundo o governo. Mais 23 pessoas ficaram feridas.
Agentes de segurança são alvos frequentes dos rebeldes do
Cáucaso não só por representarem Moscou mas também por
denúncias de envolvimento em
assassinatos e sequestros.
Observadores do Cáucaso
afirmam que a violência explodiu no ano passado, com 916
mortes conta 586 em 2008.
Medvedev pediu combate às
"causas" da insurgência violenta, como pobreza e corrupção.
Ontem, ele disse que os terroristas tentam "espalhar medo e
pânico na população" e que ele
não o permitirá.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Segurança está sob controle, diz general brasileiro Próximo Texto: Depois de libertações, gestão Uribe mantém ofensiva contra Farc Índice
|