São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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Tchetcheno assume ataque em Moscou

Em vídeo, líder rebelde promete realizar mais ações terroristas no mesmo dia em que suicidas matam 12 no Daguestão

Em gravação, Doku Umarov acusa forças russas de abuso e cobra os cidadãos comuns por omissão; presidente fala em acabar com a pobreza


DA REDAÇÃO

O líder rebelde tchetcheno Doku Umarov assumiu ontem a autoria do atentado ao metrô de Moscou que deixou 39 mortos na segunda-feira. O recado veio em vídeo publicado na internet horas após um segundo ataque suicida matar 12 na cidade de Kizliar, no Daguestão, perto da fronteira com a Tchetchênia. Essa segunda ação ainda não foi reivindicada.
O duplo ataque de segunda foi realizado por duas mulheres-bomba que se explodiram nas estações de metrô Lubianka e Parque Kulturi, no centro de Moscou, às 8h e às 8h45, o horário de pico do sistema. "As operações foram realizadas sob meu comando e não serão as últimas", afirmou Umarov, que se diz "emir do Cáucaso".
Foi o pior ato terrorista ocorrido em Moscou em seis anos.
O grupo de Umarov, Emirado do Cáucaso, quer unir as repúblicas da região -entre elas a Tchetchênia e o Daguestão- num Estado islâmico independente. A corrente ganhou força após a derrota do separatismo tchetcheno, que se apoiava no nacionalismo.
Na gravação de menos de cinco minutos, Umarov fala russo e veste um agasalho camuflado, numa região de mata.
O site kavkazcenter.com, que publicou o vídeo do rebelde, informa que, para ele, o atentado em Moscou foi uma "ação legítima de vingança" pela "execução de habitantes tchetchenos e inguchétios" promovida "por bandidos do FSB", em 11 de fevereiro, na Inguchétia, outra república da região.
Na mensagem, o tchetcheno ainda culpa os cidadãos russos por omissão. "Os habitantes da Rússia não continuarão vendo tranquilamente pela TV o que ocorre no Cáucaso sem se importar se há abusos ou crimes cometidos pelos grupos dirigidos por [Vladimir] Putin [premiê russo]. É por esse motivo que a guerra vai às suas ruas."
Putin ganhou fama em 1999 ao lançar ofensiva contra o separatismo na Tchetchênia, o que o ajudou a chegar à Presidência um ano depois. No dia seguinte ao ataque em Moscou, o premiê disse ser "uma questão de honra para as forças de segurança arrastá-los [os terroristas] dos esgotos à luz do dia".
Ontem, Putin disse crer que o Emirado do Cáucaso esteja também por trás do ataque no Daguestão. O presidente Dmitri Medvedev concordou que seriam "elos da mesma corrente". Rebeldes tchetchenos têm um histórico de ataques suicidas, em especial com mulheres de militantes mortos, conhecidas como "viúvas negras".
No ataque de ontem, um suicida detonou um carro no momento em que era perseguido por policiais após ter ignorado uma blitz. Cerca de 20 minutos depois, quando muitas pessoas cercavam a cena, um segundo suicida, com uniforme policial, se explodiu. Doze pessoas morreram, sendo nove policiais, segundo o governo. Mais 23 pessoas ficaram feridas.
Agentes de segurança são alvos frequentes dos rebeldes do Cáucaso não só por representarem Moscou mas também por denúncias de envolvimento em assassinatos e sequestros.
Observadores do Cáucaso afirmam que a violência explodiu no ano passado, com 916 mortes conta 586 em 2008.
Medvedev pediu combate às "causas" da insurgência violenta, como pobreza e corrupção. Ontem, ele disse que os terroristas tentam "espalhar medo e pânico na população" e que ele não o permitirá.

Com agências internacionais



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