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Cuba aceita falar com EUA sobre imigração
Hillary cita progresso na relação bilateral e reforça "nova abordagem" de Obama; convite ao diálogo, abandonado por Bush, foi da Casa Branca
Ilha propõe ainda conversas sobre serviços postais sem intermediários, cooperação em combate às drogas e resposta a desastres naturais
DA REDAÇÃO
Cuba aceitou a proposta dos
EUA de reabrir as negociações
bilaterais sobre imigração, confirmou ontem em El Salvador a
secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que se disse
"muito satisfeita" com a decisão de Havana.
Hillary afirmou que o diálogo
é parte de um esforço para "forjar um novo caminho em direção à Cuba". "O presidente
Obama e eu estamos comprometidos com a nova abordagem. Acreditamos que houve
mais progresso nesses quatro
meses do que em alguns anos",
disse, ressalvando que os EUA
continuarão a pressionar a ilha
quanto a direitos humanos e
reformas democráticas.
O novo sinal de distensão entre os dois países ocorre às vésperas da Assembleia Geral da
OEA (Organização dos Estados
Americanos), entre amanhã e
quarta-feira, em Honduras, da
qual Hillary participará e onde
a questão cubana estará no centro dos debates -diferentes
países pressionam os EUA para
que seja anulada a resolução
que suspendeu a ilha do órgão,
em 1962.
O chefe da Seção de Interesses de Havana em Washington,
Jorge Bolaños, entregou no sábado um comunicado diplomático a funcionários do Departamento de Estado americano,
dizendo que Cuba espera "reiniciar as conversas sobre imigração" (suspensas desde
2004) e, além disso, sobre serviços postais diretos entre os
países, sobre cooperação em
contraterrorismo e combate às
drogas e sobre preparação e
resposta a tragédias naturais.
Os dois países -que ensaiam
formas de reaproximação desde a posse de Barack Obama
nos EUA- ainda têm de decidir
onde e quando ocorrerão as negociações sobre a imigração
-tema crucial para ambos,
considerando que milhares de
cubanos migram anualmente
para os EUA de forma ilegal.
Já a correspondência postal
entre EUA e Cuba é feita há décadas pelo intermédio de outros países. Relatos apontam
que as correspondências levam
semanas para chegar ao destino e às vezes não chegam.
Histórico
As conversas bilaterais sobre
imigração começaram no governo Bill Clinton (1993-2001),
para evitar que milhares de cubanos se lançassem ao mar do
Caribe na tentativa de chegar à
Flórida, como ocorreu principalmente em 1980 e em 1994.
Em 1995, um acordo estabeleceu que os EUA fariam a repatriação à ilha de cubanos interceptados no mar. Os EUA também concordaram então em
oferecer ao menos 20 mil vistos
a cubanos anualmente.
Durante o governo George
W. Bush (2001-2009), essas negociações foram suspensas, como parte da política de isolamento da ilha e do endurecimento do embargo.
No governo Obama, os EUA
já levantaram as restrições a
viagens de cubanos-americanos e à transferência de dinheiro e outros produtos à ilha. O
embargo econômico, que já dura 47 anos, permanece vigente.
Washington cobrou um "gesto de boa-fé" de Cuba -possivelmente a libertação de dissidentes presos-, que não veio,
ainda que o dirigente da ilha,
Raúl Castro, tenha se disposto a
discutir "tudo" que não comprometa a "soberania" cubana.
Washington havia proposto
há dez dias o diálogo sobre
questões imigratórias. O tema,
no entanto, causa suscetibilidades políticas. Representantes
da Flórida no Congresso condenaram a iniciativa de Obama
como "uma concessão unilateral à ditadura". Em contrapartida, a tradicional Fundação
Nacional Cubano-Americana
(FNCA), organização anti-castrista que agora defende o diálogo com o regime, aplaudiu a
proposta.
Com agências internacionais
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