São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Brasil já investiu R$ 577 mi em cinco anos de missão no Haiti

ONU repôs 44% da verba; missão treina militares e garante paz regional, diz país

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), que é comandada militarmente pelo Brasil, completa hoje cinco anos a um custo para os cofres do país de pelo menos R$ 577 milhões.
De acordo com o Ministério da Defesa, essa verba corresponde aos gastos entre junho de 2004 e dezembro de 2008. A estimativa de despesas para o ano todo de 2009 é de R$ 128,4 milhões. O ministério não divulgou balanço sobre o primeiro semestre deste ano.
Aproximadamente 40% de tudo o que o Brasil gasta no Caribe é reembolsado pelas Nações Unidas ao Brasil, segundo o Ministério da Defesa. Até o fim do ano passado, a cifra devolvida alcançava R$ 253 milhões (44% da verba gasta).
Quase 58% desse valor corresponde aos salários dos militares. O valor reembolsado por gastos com transportes corresponde a 8% da verba.
O restante do reembolso (34%) é uma espécie de aluguel pago pela ONU pelo uso de equipamentos brasileiros, como veículos blindados de transporte de tropas, jipes e maquinário em geral.
A verba de R$ 577 milhões se restringe ao gasto militar brasileiro no Haiti. Mas a Minustah possui também ampla estrutura civil destinada a reconstruir o Haiti financiada por 192 países-membros da ONU.
O orçamento até outubro deste ano é de US$ 3,05 bilhões, dos quais US$ 96 milhões ainda não estão disponíveis.
Essa verba se destina a manter a segurança -desde 2007 não há confrontos entre rebeldes e militares- e reconstruir as instituições do Haiti, que hoje ocupa a 146ª posição entre 177 países no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
A ONU acredita que em 2011 a conjuntura do Haiti permitirá uma retirada gradual de tropas.

Treinamento
Um dos maiores argumentos do governo para investir na missão é treinar militares e testar equipamentos bélicos em situação instável e real. O Brasil mantém no Haiti um contingente de aproximadamente 1.200 militares (trocados a cada seis meses) do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha. Até hoje já passaram pelo Haiti cerca de 12.100 militares.
O Ministério da Defesa também afirmou que a missão de paz é uma das prioridades da atual Política de Defesa Nacional, que preconiza a maior inserção do país no âmbito das Nações Unidas e nos processos decisórios internacionais.
Além disso, a missão também está inserida no esforço brasileiro de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. O Ministério das Relações Exteriores afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que a missão não se restringe ao pleito pela vaga no conselho, mas sim a um objetivo maior de estabilidade e manutenção da paz regional.



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