São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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Em novo revés, Mockus vê derrotados negarem apoio

Opositor não terá o endosso de 3 dos 4 perdedores na eleição colombiana

Negativa diminui ainda mais chance de virada de candidato verde após demonstração de força de candidato uribista


FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

Um dia depois de amargar uma contundente vitória da campanha governista no primeiro turno, o candidato à Presidência da Colômbia Antanas Mockus (Partido Verde) viu suas chances de recuperação no segundo turno se reduzirem ainda mais.
Três dos quatro perdedores mais votados anunciaram que não apoiarão ninguém na votação final, em 20 de junho.
Mockus, que teve 21,5% dos votos, contra 46,5% do ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, fez, em discurso transmitido na TV anteontem, um chamado a coalizão a Germán Vargas Lleras (Cambio Radical), que teve 10,13% dos votos, e a Gustavo Petro, do esquerdista Polo Democrático, que amealhou pouco mais de 9%.
Vargas Lleras afirmou que não endossará ninguém no segundo turno, e o caminho do seu partido, atualmente na coalizão uribista, deve ser acompanhar o ex-ministro de Álvaro Uribe.
Rafael Pardo, do opositor Partido Liberal, com 4,3% de votos, também deixou seus eleitores livres para escolher.
Petro não descartou a aliança com Mockus, com quem trocou farpas no primeiro turno. Afirmou que o projeto do partido é "derrotar as pretensões de Santos".
Ainda assim, apenas com um pouco mais da metade dos 6,1% dos votos obtidos por Noemí Sanín, do Partido Conservador, o candidato governista garantiria mais que 50% dos votos. A sexta colocada não é próxima de Santos, mas seu partido também apoia o atual governo.
Para analistas, os quase 7 milhões de votos de Santos anteontem ratificam a força do uribismo na Colômbia.
O movimento de Uribe conseguiu englobar tanto grandes parcelas dos tradicionais partidos Liberal e Conservador como articular a elite rural das regiões, de onde vem Uribe, com a elite urbana, representada pela tradicional família Santos.
Ontem, o candidato governista foi recebido por Uribe. Não houve declarações públicas, mas o gesto reforça a estratégia da campanha de reverência e agradecimento ao presidente que tem mais de 70% de aprovação.
Enquanto isso, Mockus confessou a uma rádio que o resultado o decepcionou. Afirmou que as pesquisas de opinião, que mostravam empate técnico há oito dias, tinham gerado muita esperança. Agora, diz, ganhar "não é provável", "mas é possível".

ERRO DE COMUNICAÇÃO
Mesmo analistas simpáticos ao candidato verde, como Armando Neira, são céticos quanto ao segundo turno. Enxergam erros básicos na estratégia de comunicação de Mockus. Além da atuação errática nos debates, Neira cita o discurso do candidato anteontem na TV após a divulgação dos resultados.
"Em rede nacional, Mockus perdeu uma oportunidade de ouro. Não comunicava uma mensagem", diz. Neira diz que, em contraste, Santos fez um discurso "de presidente", com mensagem conciliadora até para o venezuelano Hugo Chávez.


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