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Em novo revés, Mockus vê derrotados negarem apoio
Opositor não terá o endosso de 3 dos 4 perdedores na eleição colombiana
Negativa diminui ainda mais chance de virada de candidato verde após demonstração de força de candidato uribista
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ
Um dia depois de amargar
uma contundente vitória da
campanha governista no primeiro turno, o candidato à
Presidência da Colômbia Antanas Mockus (Partido Verde) viu suas chances de recuperação no segundo turno se
reduzirem ainda mais.
Três dos quatro perdedores mais votados anunciaram que não apoiarão ninguém na votação final, em 20
de junho.
Mockus, que teve 21,5%
dos votos, contra 46,5% do
ex-ministro da Defesa Juan
Manuel Santos, fez, em discurso transmitido na TV anteontem, um chamado a coalizão a Germán Vargas Lleras
(Cambio Radical), que teve
10,13% dos votos, e a Gustavo Petro, do esquerdista Polo
Democrático, que amealhou
pouco mais de 9%.
Vargas Lleras afirmou que
não endossará ninguém no
segundo turno, e o caminho
do seu partido, atualmente
na coalizão uribista, deve ser
acompanhar o ex-ministro
de Álvaro Uribe.
Rafael Pardo, do opositor
Partido Liberal, com 4,3% de
votos, também deixou seus
eleitores livres para escolher.
Petro não descartou a
aliança com Mockus, com
quem trocou farpas no primeiro turno. Afirmou que o
projeto do partido é "derrotar
as pretensões de Santos".
Ainda assim, apenas com
um pouco mais da metade
dos 6,1% dos votos obtidos
por Noemí Sanín, do Partido
Conservador, o candidato
governista garantiria mais
que 50% dos votos. A sexta
colocada não é próxima de
Santos, mas seu partido também apoia o atual governo.
Para analistas, os quase 7
milhões de votos de Santos
anteontem ratificam a força
do uribismo na Colômbia.
O movimento de Uribe
conseguiu englobar tanto
grandes parcelas dos tradicionais partidos Liberal e
Conservador como articular
a elite rural das regiões, de
onde vem Uribe, com a elite
urbana, representada pela
tradicional família Santos.
Ontem, o candidato governista foi recebido por Uribe.
Não houve declarações públicas, mas o gesto reforça a
estratégia da campanha de
reverência e agradecimento
ao presidente que tem mais
de 70% de aprovação.
Enquanto isso, Mockus
confessou a uma rádio que o
resultado o decepcionou.
Afirmou que as pesquisas de
opinião, que mostravam empate técnico há oito dias, tinham gerado muita esperança. Agora, diz, ganhar "não é
provável", "mas é possível".
ERRO DE COMUNICAÇÃO
Mesmo analistas simpáticos ao candidato verde, como Armando Neira, são céticos quanto ao segundo turno. Enxergam erros básicos
na estratégia de comunicação de Mockus. Além da
atuação errática nos debates,
Neira cita o discurso do candidato anteontem na TV após
a divulgação dos resultados.
"Em rede nacional, Mockus perdeu uma oportunidade de ouro. Não comunicava
uma mensagem", diz. Neira
diz que, em contraste, Santos
fez um discurso "de presidente", com mensagem conciliadora até para o venezuelano Hugo Chávez.
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