São Paulo, terça-feira, 01 de julho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / RUMO AO SUL

Mccain visita Colômbia e México

Viagem intriga especialistas nos EUA, para os quais candidato republicano desperdiça tempo e dinheiro

Atrás nas pesquisas e em arrecadação, McCain teria escolhido o roteiro para agradar latinos ou a base conservadora republicana

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Sem dinheiro de sobra, atrás nas pesquisas e com o tempo cada vez mais escasso, o senador John McCain começa hoje sua viagem de três dias pela América Latina. O candidato republicano à sucessão de George W. Bush passa o dia de hoje e amanhã em Cartagena, na Colômbia, e quinta na Cidade do México. Analistas da eleição presidencial estão intrigados com a decisão do político.
Nas hipóteses mais positivas, o périplo tem dois objetivos. Ao visitar a região, McCain estaria tentando agradar o voto hispânico doméstico, cerca de 9 milhões de eleitores que terão importância crescente principalmente nos Estados-pêndulo (sem definição política) com forte presença de latinos, como Arizona, Colorado, Flórida, Nevada e Novo México.
Estaria, também, tentando afagar a base mais conservadora do Partido Republicano, ao se diferenciar de seu oponente, Barack Obama, no reforço do apoio tanto ao Nafta, o tratado comercial entre EUA, México e Canadá -que McCain visitou no dia 20-, quanto ao acordo de livre-comércio com a Colômbia, parado no Congresso.
É ainda mais uma oportunidade de reafirmar sua condição de mais experiente em política externa do que seu rival.
"Você tem de manter seus princípios", disse McCain ontem à tarde, quando indagado sobre a viagem. "Eu acredito no princípio do livre-comércio. Obama é contra todos os tratados. Não sei como você pode ser a favor do livre comércio, mas contra os tratados", cutucou.
Na agenda de McCain com Álvaro Uribe, na Colômbia, e Felipe Calderón, no México, estará a guerra às drogas.
Aí, começam as dúvidas. Por que agora? E por que apenas os dois países? "É realmente intrigante", disse à Folha Michael Shifter, do centro de estudos Diálogo Interamericano, em Washington. "Não está claro qual vantagem eleitoral e política ele conseguirá com isso."
Segundo o site agregador de pesquisas RealClearPolitics, McCain está em média 7,1 pontos percentuais atrás de Obama nos levantamentos nacionais, com (40,4% a 47,5%).
Nos Estados-pêndulo, também, o republicano continua na lanterna. Desde que virou o virtual escolhido republicano, McCain já foi ao Oriente Médio (Iraque, Israel e Jordânia) e à Europa, além do Canadá. Antes, em viagens patrocinados pelo Senado, mas durante as primárias, foi a Suíça, Alemanha, Paquistão e Iraque.
"Com a gasolina no preço que está e a economia ameaçando entrar em recessão, quantas pessoas se importam de verdade com as viagens de McCain?", pergunta-se Douglas Brinkley, historiador da Universidade Rice, em Houston, no Texas. Para o estrategista republicano Tony Fabrizio, o consenso é que é Obama quem precisa viajar mais.
Na semana passada, a campanha do democrata anunciou que o democrata viajará "em algum momento de julho" para Alemanha, França e Reino Unido, na Europa, e Israel e Jordânia, no Oriente Médio.
É certo que ele aproveite a ida para visitar Afeganistão e Iraque, também, embora os destinos e as datas não tenham sido divulgados por segurança.


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