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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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ARGENTINA

Analistas vêem postura "populista" em suas atitudes; presidente rompe o protocolo e se mistura a manifestantes

Popularidade de Kirchner atinge 90,9%

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A popularidade do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, subiu a 90,9%, segundo pesquisa do instituto Equis realizada na região metropolitana de Buenos Aires e publicada ontem pelo jornal "Página/12". No levantamento anterior, esse índice era de 75,2%.
A imagem do governo também está em alta: 71,4% vêem como positiva a administração. Apenas 6,7% a classificam como "negativa". Para 81,4%, a postura de Kirchner na condução do país "superou as expectativas".
Os entrevistados também apóiam as sua últimas medidas: 92,8% acham positiva a ofensiva para combater a violência, e 58,8% aprovam a anulação do decreto que impedia as extradições de acusados de tortura da última ditadura militar (1976-1986). Na semana passada, 45 ex-repressores cuja extradição é requerida pela Espanha tiveram a prisão ordenada, após a anulação do decreto.
O ponto fraco da administração Kirchner, segundo a pesquisa, é a área social. Do total de entrevistados, 67,3% não percebem melhorias no mercado de trabalho, enquanto 78,3% não vêem avanços na luta contra a pobreza. Ontem, o Indec (órgão estatal de estatísticas) divulgou a taxa de desemprego, que, apesar de ainda alta, caiu de 17,8% para 15,6%, enquanto o índice de pobreza caiu de 57,5% para 54,7% da população.
Para muitos analistas, a alta popularidade de Kirchner é consequência de suas atitudes consideradas "populistas". "Como assumiu com uma margem pequena de votos -só 22%-, ele tenta conquistar confiança com esse tipo de gesto", diz o cientista político Vicente Massot. Para ele, decisões como aumentar o salário mínimo e investir contra instituições com pouca popularidade -como a Suprema Corte e as Forças Armadas- são provas disso.
Outra atitude recorrente apontada pelos analistas como populista é o abandono do protocolo e a aproximação com a população. Ontem, Kirchner dispensou os seguranças e foi cumprimentar manifestantes que se reuniam na praça de Maio para pedir medidas urgentes para combater a pobreza e o desemprego. "Vieram para nos ver e vou sair para atender", disse Kirchner a assessores pouco antes de romper as grades de segurança que cercam a Casa Rosada (sede do governo).
No dia de sua posse, em 25 de maio, ele teve a testa ferida por uma câmera ao preferir caminhar no meio da população a seguir no carro presidencial. Recentemente, fugiu para tomar um café no centro de Buenos Aires e deixou "desesperados" os policiais que cuidam da sua segurança pessoal.


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