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ARGENTINA
Analistas vêem postura "populista" em suas atitudes; presidente rompe o protocolo e se mistura a manifestantes
Popularidade de Kirchner atinge 90,9%
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A popularidade do presidente
da Argentina, Néstor Kirchner,
subiu a 90,9%, segundo pesquisa
do instituto Equis realizada na região metropolitana de Buenos Aires e publicada ontem pelo jornal
"Página/12". No levantamento
anterior, esse índice era de 75,2%.
A imagem do governo também
está em alta: 71,4% vêem como
positiva a administração. Apenas
6,7% a classificam como "negativa". Para 81,4%, a postura de
Kirchner na condução do país
"superou as expectativas".
Os entrevistados também
apóiam as sua últimas medidas:
92,8% acham positiva a ofensiva
para combater a violência, e
58,8% aprovam a anulação do decreto que impedia as extradições
de acusados de tortura da última
ditadura militar (1976-1986). Na
semana passada, 45 ex-repressores cuja extradição é requerida pela Espanha tiveram a prisão ordenada, após a anulação do decreto.
O ponto fraco da administração
Kirchner, segundo a pesquisa, é a
área social. Do total de entrevistados, 67,3% não percebem melhorias no mercado de trabalho, enquanto 78,3% não vêem avanços
na luta contra a pobreza. Ontem,
o Indec (órgão estatal de estatísticas) divulgou a taxa de desemprego, que, apesar de ainda alta, caiu
de 17,8% para 15,6%, enquanto o
índice de pobreza caiu de 57,5%
para 54,7% da população.
Para muitos analistas, a alta popularidade de Kirchner é consequência de suas atitudes consideradas "populistas". "Como assumiu com uma margem pequena
de votos -só 22%-, ele tenta
conquistar confiança com esse tipo de gesto", diz o cientista político Vicente Massot. Para ele, decisões como aumentar o salário mínimo e investir contra instituições
com pouca popularidade -como a Suprema Corte e as Forças
Armadas- são provas disso.
Outra atitude recorrente apontada pelos analistas como populista é o abandono do protocolo e
a aproximação com a população.
Ontem, Kirchner dispensou os seguranças e foi cumprimentar manifestantes que se reuniam na
praça de Maio para pedir medidas
urgentes para combater a pobreza
e o desemprego. "Vieram para
nos ver e vou sair para atender",
disse Kirchner a assessores pouco
antes de romper as grades de segurança que cercam a Casa Rosada (sede do governo).
No dia de sua posse, em 25 de
maio, ele teve a testa ferida por
uma câmera ao preferir caminhar
no meio da população a seguir no
carro presidencial. Recentemente, fugiu para tomar um café no
centro de Buenos Aires e deixou
"desesperados" os policiais que
cuidam da sua segurança pessoal.
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