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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Para palestinos, construção desrespeita o plano de paz; israelenses dizem que crescimento da colônia é "natural"

Israel vai expandir assentamento em Gaza

Lefteris Pitarakis/Associated Press
Ativistas estrangeiros picham cerca erguida por Israel para separar território do país de áreas palestinas, em Qalqilya (Cisjordânia)


DA REDAÇÃO

O governo de Israel anunciou ontem que vai expandir o maior assentamento judaico na faixa de Gaza. Serão construídas 22 novas casas. Os palestinos criticam a medida, afirmando que ela fere o novo plano de paz para a região.
Os israelenses dizem que a expansão não está em desacordo com o plano, patrocinado pelos EUA. Segundo Israel, o plano impede apenas a construção de novos assentamentos, não a expansão natural dos que já existem.
Além disso, afirma o governo do premiê israelense, Ariel Sharon, as 22 casas já faziam parte do projeto original do assentamento de Neweh Dekalim.
O texto do plano de paz para a atual primeira fase de implementação prevê que "Israel congele todas as atividades de construção de assentamentos, em acordo com o que estabelece o relatório Mitchell". O relatório determina que "as atividades de construção de assentamentos devem ser congeladas", inclusive as de "crescimento natural" dos já existentes.
Porém o governo de Israel sempre deixou claro que continuaria permitindo a expansão dos assentamentos já existentes, concordando apenas com o congelamento na construção de novas colônias judaicas.
A questão do desmantelamento dos assentamentos judaicos deverá ser discutida apenas na próxima etapa da implementação do plano de paz. Ao lado da questão dos refugiados palestinos e do status final de Jerusalém, é um dos temas mais complexos das negociações de paz.
"[A construção das casas] é uma medida muito grave tomada pelo governo israelense", afirmou Nabil Abu Rudeinah, assessor do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat. O Ministério da Defesa de Israel divulgou comunicado afirmando que as casas fazem parte do projeto original e que a sua construção não viola o plano de paz.
Os EUA afirmaram que existem muitos aspectos envolvidos na questão da expansão dos assentamentos. "Mantemos a posição de que é preciso haver o congelamento dos assentamentos", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, sem, porém, condenar diretamente a construção das novas casas.
Cerca de 2.400 israelenses vivem em Neweh Dekalim. O número de colonos em Gaza é reduzido (cerca de 8.000), se comparado com os 220 mil da Cisjordânia.
Nos últimos anos, menos colonos têm procurado a faixa de Gaza por causa da revolta palestina. É mais provável, segundo analistas, que Israel desmantele os assentamentos na faixa de Gaza do que na Cisjordânia.
A medida pode ter sido uma ação de Sharon para acalmar os ânimos dos colonos, fortes em seu governo, insatisfeitos com as recentes concessões feitas pelo premiê aos palestinos. Eran Sternberg, porta-voz dos colonos, recebeu bem a notícia: "Mais pessoas querem viver aqui, e outras querem moradias melhores".
O grupo pacifista israelense Paz Agora criticou o argumento do governo, de que "a expansão é natural". Das 22 casas, dez serão concedidas aos atuais moradores.

Rebelião
A polícia israelense lançou bombas de gás lacrimogêneo contra prisioneiros palestinos em uma prisão em Ashquelon, na costa sul de Israel. O objetivo foi conter uma rebelião de 400 prisioneiros palestinos. Vinte palestinos e 15 carcereiros ficaram intoxicados com o gás. A rebelião começou durante tentativa de fuga.

Com agências internacionais


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