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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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Lei dificulta casamento entre israelense e palestino

DA REDAÇÃO

O Parlamento de Israel aprovou uma lei que impede palestinos casados com israelenses de obter cidadania e de receber direito de residência. A partir de agora, palestinos e israelenses casados terão três opções: viver separadamente, deixar o país ou se mudar para as áreas palestinas.
A lei, que teve 53 votos a favor e 25 contra, deve vigorar por um ano e precisa ser renovada anualmente. No texto, está prevista a concessão de cidadania e de direito de residência por seis meses em casos especiais.
Os árabes-israelenses, partidos de esquerda de Israel e grupos de direitos humanos afirmaram que a lei é racista.
O governo de Israel diz que a lei é necessária por motivos de segurança. Muitos palestinos se casaram com árabes-israelenses e aproveitaram o direito de se tornar israelense ou de receber o direito de residência para se envolver em atentados, segundo informou ontem o governo de Israel.
Jafar Savah, de um centro de defesa árabe-israelense, disse: "Nós [árabes-israelenses] enxergamos a lei como parte de uma política de transferência levada adiante pelo Estado de Israel." A "transferência" é uma política defendida por extremistas de Israel segundo a qual os palestinos devem ser transferidos para outros países árabes.
"É uma lei racista que define quem pode viver em Israel de acordo com um critério racista", disse Yael Stein, do grupo de direitos humanos israelense B'tselem. Segundo ele, 100 mil palestinos obtiveram direito de residência ou cidadania israelense por meio de casamento com cidadãos de Israel. Desses, apenas 20 estiveram envolvidos em atentados terroristas. "Não estou dizendo que os ataques são irrelevantes, mas a lei é uma solução extrema para um fenômeno marginal", afirmou Stein, do B'tselem.
A Human Rights Watch e a Anistia Internacional enviaram cartas ao Parlamento protestando contra a lei e pedindo que os parlamentares não a aprovassem.
O ministro israelense Gideon Ezra disse que, desde setembro de 2000, quando eclodiu a Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), tem sido verificada a conexão entre árabes-israelenses e palestinos da Cisjordânia e da faixa de Gaza na organização de ataques terroristas.

Minoria
Os árabes-israelenses correspondem a cerca de 20% dos cerca de 6 milhões de habitantes de Israel. A população palestina na Cisjordânia e na faixa de Gaza é estimada em cerca de 3 milhões.
Para o professor árabe-israelense Said Abu Muammar, casado com uma palestina, a nova lei é "racista, cruel e desumana".
A ANP (Autoridade Nacional Palestina) não se manifestou.


Com agências internacionais


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