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Brown lança aliança moral contra pobreza
Premiê discursou nas Nações Unidas; apoio de multinacionais acusadas de abusos é criticado por ativistas
JEAN EAGLESHAM
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK
Gordon Brown, o premiê britânico, anunciou ontem uma
aliança "moral" de líderes de
governos e multinacionais com
o objetivo de combater a pobreza e declarou, em discurso nas
Nações Unidas, que a globalização pode ser uma força de promoção da justiça.
Quatorze líderes mundiais e
os dirigentes de mais de 20 empresas assinaram uma declaração que pede por "ação urgente" de ajuda aos países em desenvolvimento.
Líderes empresariais como
Bill Gates, da Microsoft; Eric
Schmidt, do Google; Jeff Immelt, da General Electric; Indra
Nooyi, da PepsiCo; e Arun Sarin, da Vodafone, assinaram a
declaração. Entre os signatários britânicos estão Riley
Bechtel, da Bechtel Corporation, e Lee Scott, da Wal-Mart
Stores. Mas as duas empresas
começaram a sofrer protestos
de grupos de pressão e ativistas
sindicais no Reino Unido: a
Bechtel por seus lucrativos
contratos de reconstrução no
Iraque e a Wal-Mart por proibir que seus funcionários façam parte de sindicatos.
A declaração pede por uma
reunião especial da ONU no
ano que vem e estabelece um
"compromisso de ação" para os
signatários, sem especificar de
que consistiria essa ação.
"Quero promover a criação
da maior coalizão de consciências, para promover a maior das
causas", disse Brown à ONU.
"Quando as consciências e as
forças morais se unem, não há
limites para o que nosso poder
de fazer o bem pode realizar."
Mas alguns ativistas questionaram o que a nova parceria
pode efetivamente realizar.
"É preciso receber de maneira positiva qualquer esforço de
empresas em benefício de um
propósito moral mais elevado,
mas nada de muito concreto
parece ter resultado de outras
iniciativas de natureza semelhante", disse Jeremy Carver,
membro britânico do conselho
da Transparência Internacional, uma organização mundial
de combate à corrupção, ao "Financial Times".
O objetivo de Brown é atrair
apoio político, empresarial e
popular a fim de promover a retomada das tentativas, quase
abandonadas, de atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio -objetivos da ONU quanto a uma redução de 50% na pobreza mundial, aprovados sete
anos atrás.
Os objetivos não poderiam
ser atingidos sem medidas de
emergência. "Já se tornou claro
que o nosso ritmo é lento demais, nossa direção não está
definida e nossa visão está em
risco", declarou Brown.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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