São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brown lança aliança moral contra pobreza

Premiê discursou nas Nações Unidas; apoio de multinacionais acusadas de abusos é criticado por ativistas

JEAN EAGLESHAM
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK

Gordon Brown, o premiê britânico, anunciou ontem uma aliança "moral" de líderes de governos e multinacionais com o objetivo de combater a pobreza e declarou, em discurso nas Nações Unidas, que a globalização pode ser uma força de promoção da justiça.
Quatorze líderes mundiais e os dirigentes de mais de 20 empresas assinaram uma declaração que pede por "ação urgente" de ajuda aos países em desenvolvimento.
Líderes empresariais como Bill Gates, da Microsoft; Eric Schmidt, do Google; Jeff Immelt, da General Electric; Indra Nooyi, da PepsiCo; e Arun Sarin, da Vodafone, assinaram a declaração. Entre os signatários britânicos estão Riley Bechtel, da Bechtel Corporation, e Lee Scott, da Wal-Mart Stores. Mas as duas empresas começaram a sofrer protestos de grupos de pressão e ativistas sindicais no Reino Unido: a Bechtel por seus lucrativos contratos de reconstrução no Iraque e a Wal-Mart por proibir que seus funcionários façam parte de sindicatos.
A declaração pede por uma reunião especial da ONU no ano que vem e estabelece um "compromisso de ação" para os signatários, sem especificar de que consistiria essa ação.
"Quero promover a criação da maior coalizão de consciências, para promover a maior das causas", disse Brown à ONU. "Quando as consciências e as forças morais se unem, não há limites para o que nosso poder de fazer o bem pode realizar."
Mas alguns ativistas questionaram o que a nova parceria pode efetivamente realizar.
"É preciso receber de maneira positiva qualquer esforço de empresas em benefício de um propósito moral mais elevado, mas nada de muito concreto parece ter resultado de outras iniciativas de natureza semelhante", disse Jeremy Carver, membro britânico do conselho da Transparência Internacional, uma organização mundial de combate à corrupção, ao "Financial Times".
O objetivo de Brown é atrair apoio político, empresarial e popular a fim de promover a retomada das tentativas, quase abandonadas, de atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio -objetivos da ONU quanto a uma redução de 50% na pobreza mundial, aprovados sete anos atrás.
Os objetivos não poderiam ser atingidos sem medidas de emergência. "Já se tornou claro que o nosso ritmo é lento demais, nossa direção não está definida e nossa visão está em risco", declarou Brown.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: Foco: Bicicleta municipal para trajeto urbano vira uma coqueluche dos franceses
Próximo Texto: Irlanda do Norte: Exército britânico deixa a região depois de 38 anos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.