São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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Líbano receberá quase US$ 1 bi de ajuda

Países anunciam doações em reunião na Suécia; valor é o dobro do esperado, mas prejuízo estimado é maior

DA REDAÇÃO

O total da ajuda prometida por cerca de 60 países e organizações humanitárias para a reconstrução do Líbano é de mais de US$ 940 milhões, o dobro do que se esperava obter na reunião de ontem em Estocolmo. Os doadores exortaram Israel a suspender o bloqueio aéreo e marítimo que é imposto ao país vizinho há sete semanas.
Com o acréscimo de promessas e projetos de longo prazo, Beirute receberá US$ 1,2 bilhão para reparar a destruição causada por um mês de bombardeios israelenses -respondidos com mísseis pelo grupo extremista Hizbollah. O confronto começou após o grupo ter seqüestrado dois soldados de Israel. A ONU estima que os prejuízos à infra-estrutura do Líbano somem US$ 3,6 bilhões.
O premiê do país, Fouad Siniora, agradeceu. "O que conseguimos é muito importante", disse. Segundo ele, "conquistas de 15 anos" foram destruídas.
A maior ajuda foi oferecida por Qatar: US$ 300 milhões. Os EUA, criticados durante a guerra por apoiarem Israel, prometeram US$ 175 milhões - parte dos US$ 230 milhões que já haviam sido anunciados. O Brasil doará US$ 500 mil.
O dinheiro será usado em habitação, infra-estrutura, serviços sociais, descontaminação da costa -afetada por um grande vazamento de petróleo- e retirada de artefatos que não explodiram -calcula-se que haja 100 mil, e já houve 50 mortes desde o cessar-fogo.
Siniora rejeitou a hipótese de que a ajuda financeira poderia acabar nas mãos do Hizbollah e fortalecer a posição do grupo. "Isso é uma falácia completa."
O Hizbollah já havia declarado a doação de milhares de dólares em ajuda para os que tiveram suas casas destruídas, incluindo o pagamento de aluguel. Os países do Ocidente temiam que, caso não houvesse doações significativas, a simpatia pelo grupo radical crescesse.
Ontem, no primeiro passo de sua retirada da faixa de 15 quilômetros que ocupou no Líbano após a guerra, o Exército israelense deixou ontem uma área de 30 km2, próxima à fronteira, no sul libanês -assumida por tropas libanesas e internacionais. É a primeira vez em décadas que o Exército do Líbano assume posições na região, que era totalmente controlada pelo Hizbollah. O governo declarou que 8.500 de seus soldados já estão no sul, e a ONU disse que enviou 2.200 membros de sua força de paz.
Segundo a resolução da ONU que definiu o cessar-fogo, 15 mil soldados de uma força internacional vão patrulhar a região -e 15 mil militares libaneses. Mil membros do Exército italiano devem chegar no sábado -a Itália, que comandará a missão com a França, prometeu enviar 2.500 soldados.

Annan na Síria
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, voltou a apelar para que Israel se retire totalmente assim que o número de soldados da força internacional no sul do Líbano chegar a 5.000.
Annan chegou ontem à Síria para pressionar Damasco a interromper o envio de armas ao Hizbollah e apoiar a libertação dos soldados seqüestrados.


Com agências internacionais

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