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Honduras inicia campanha eleitoral sob regime golpista
Ameaçada por boicotes interno e externo, eleição é trunfo de governo Micheletti
Partido governista, dividido, lança ex-vice-presidente, que enfrenta em novembro o candidato derrotado por Manuel Zelaya em 2005
DA REDAÇÃO
Em meio à indefinida crise
política iniciada com o golpe
que derrubou Manuel Zelaya
da Presidência, o governo interino de Honduras deu início
ontem à campanha eleitoral
para o pleito presidencial de 29
de novembro. O processo é
ameaçado de boicote interno e
externo caso a votação ocorra
sob gestão dos golpistas.
A proximidade do pleito é o
principal trunfo do regime liderado por Roberto Micheletti
para dar fim ao impasse e escapar da pressão política e econômica externa sem submeter-se
ao acordo proposto pelo presidente costa-riquenho, Óscar
Arias, que exige anistia de Zelaya e sua restituição ao cargo.
Ontem, enquanto os candidatos das duas principais siglas,
o governista PL (Partido Liberal) e o opositor PN (Partido
Nacional), iniciavam a propaganda e os comícios, a Frente
Nacional de Resistência ao Golpe seguia com manifestações
pedindo a volta de Zelaya e
ameaçando boicotar a votação.
Pelo fragmentado PL, sigla
tanto de Zelaya como de Micheletti, concorre o ex-vice-presidente Elvin Santos (2006-2008). No domingo, ele disse
apoiar de forma "categórica" os
termos do acordo de Arias, mas
evitou falar diretamente sobre
a volta de Zelaya, ponto crucial.
Pelo PN, Porfirio Lobo volta
a disputar o cargo depois de
perder para Zelaya em 2005.
Ontem, ele exortou a legitimidade do pleito, dizendo que há a
legalidade necessária e que
"não deve haver vozes internas
e externas que possam desacreditar as eleições", segundo o
jornal local "El Heraldo".
Outros quatro candidatos,
com menos chances, concorrem à sucessão. Dois deles fazem oposição aberta ao golpe, e
pelo menos um ameaça abandonar a campanha se Zelaya
não voltar ao poder.
Além do novo presidente,
que deve tomar posse para um
mandato de quatro anos em 27
de janeiro, os hondurenhos escolherão três vice-presidentes,
deputados para o Congresso
Nacional e prefeitos.
A campanha, que termina
cinco dias antes do pleito, proíbe apologia à abstenção e doações anônimas ou de governos
estrangeiros.
Zelaya em Washington
Deposto há 65 dias, Zelaya
volta a discutir hoje em Washington sua situação com a Organização dos Estados Americanos (OEA), de quem espera
uma posição oficial de não reconhecimento do processo
eleitoral em curso.
Sua quinta viagem aos EUA
desde que foi deposto ocorre na
semana em que o Departamento de Estado americano pode
anunciar reconhecimento legal
de que houve "golpe militar"
em Honduras -até agora foi reconhecido apenas um "golpe".
O ato oficial resultaria em
maiores represálias políticas e
econômicas ao país e é visto por
Zelaya como essencial para inviabilizar o regime golpista.
A União Europeia também
discute hoje que posição tomará frente ao pleito hondurenho.
Com agências internacionais
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