São Paulo, terça-feira, 01 de setembro de 2009

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Honduras inicia campanha eleitoral sob regime golpista

Ameaçada por boicotes interno e externo, eleição é trunfo de governo Micheletti

Partido governista, dividido, lança ex-vice-presidente, que enfrenta em novembro o candidato derrotado por Manuel Zelaya em 2005


DA REDAÇÃO

Em meio à indefinida crise política iniciada com o golpe que derrubou Manuel Zelaya da Presidência, o governo interino de Honduras deu início ontem à campanha eleitoral para o pleito presidencial de 29 de novembro. O processo é ameaçado de boicote interno e externo caso a votação ocorra sob gestão dos golpistas.
A proximidade do pleito é o principal trunfo do regime liderado por Roberto Micheletti para dar fim ao impasse e escapar da pressão política e econômica externa sem submeter-se ao acordo proposto pelo presidente costa-riquenho, Óscar Arias, que exige anistia de Zelaya e sua restituição ao cargo.
Ontem, enquanto os candidatos das duas principais siglas, o governista PL (Partido Liberal) e o opositor PN (Partido Nacional), iniciavam a propaganda e os comícios, a Frente Nacional de Resistência ao Golpe seguia com manifestações pedindo a volta de Zelaya e ameaçando boicotar a votação.
Pelo fragmentado PL, sigla tanto de Zelaya como de Micheletti, concorre o ex-vice-presidente Elvin Santos (2006-2008). No domingo, ele disse apoiar de forma "categórica" os termos do acordo de Arias, mas evitou falar diretamente sobre a volta de Zelaya, ponto crucial.
Pelo PN, Porfirio Lobo volta a disputar o cargo depois de perder para Zelaya em 2005. Ontem, ele exortou a legitimidade do pleito, dizendo que há a legalidade necessária e que "não deve haver vozes internas e externas que possam desacreditar as eleições", segundo o jornal local "El Heraldo".
Outros quatro candidatos, com menos chances, concorrem à sucessão. Dois deles fazem oposição aberta ao golpe, e pelo menos um ameaça abandonar a campanha se Zelaya não voltar ao poder.
Além do novo presidente, que deve tomar posse para um mandato de quatro anos em 27 de janeiro, os hondurenhos escolherão três vice-presidentes, deputados para o Congresso Nacional e prefeitos.
A campanha, que termina cinco dias antes do pleito, proíbe apologia à abstenção e doações anônimas ou de governos estrangeiros.

Zelaya em Washington
Deposto há 65 dias, Zelaya volta a discutir hoje em Washington sua situação com a Organização dos Estados Americanos (OEA), de quem espera uma posição oficial de não reconhecimento do processo eleitoral em curso.
Sua quinta viagem aos EUA desde que foi deposto ocorre na semana em que o Departamento de Estado americano pode anunciar reconhecimento legal de que houve "golpe militar" em Honduras -até agora foi reconhecido apenas um "golpe". O ato oficial resultaria em maiores represálias políticas e econômicas ao país e é visto por Zelaya como essencial para inviabilizar o regime golpista.
A União Europeia também discute hoje que posição tomará frente ao pleito hondurenho.

Com agências internacionais



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