São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Governo Lula aposta em avanços no diálogo com a Colômbia

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Os gestos de Juan Manuel Santos de aproximação com os vizinhos levam a diplomacia do governo Lula a apostar em um novo patamar na relação com a Colômbia.
A avaliação é que os objetivos de Santos são sobretudo econômicos, mas que, para potencializar os negócios com o subcontinente, ele será mais receptivo do que o antecessor, Álvaro Uribe, ao aspecto político da integração regional, o que fortalecerá a Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Analistas têm duas explicações para a ênfase de Santos na vizinhança:
1) De família tradicional na política colombiana, ele tem relação mais orgânica com o empresariado do que Uribe. Veria a política externa de modo mais pragmático, considerando que boas relações com América do Sul e EUA não se excluem.
2) Os EUA se recuperam mal da crise, e a Colômbia não pode ficar à espera da ratificação do acordo de livre comércio bilateral, assinado em 2006, nem privilegiar as trocas com os americanos, parceiros tradicionais.
Para o Brasil, há coincidência de interesses, já que o subcontinente é mercado vital para manufaturados e investimentos nacionais.
"É muito importante uma boa relação com a Colômbia, que tem a segunda maior população e o terceiro PIB da região", diz Antônio Simões, subsecretário do Itamaraty para a América do Sul.
O chanceler Celso Amorim enfatiza a necessidade de dar maior equilíbrio ao comércio bilateral, marcado pelo superavit brasileiro. Na sexta, no Rio, ele relatou queixas colombianas sobre barreiras não tarifárias à entrada de seus produtos aqui.
O combate às drogas não deverá ser o eixo da visita de Santos, mas se esperam avanços na cooperação fronteiriça e de inteligência já estabelecida sob Uribe.
Ricardo Sennes, da consultoria Prospectiva, diz que o Brasil, embora crítico da cessão de bases colombianas aos EUA, agiu de modo conciliador quando o tema foi tratado regionalmente.
"Quando o Brasil foi aceito para apoio logístico de troca de reféns [das Farc], foi sinal de que a Colômbia começou a ter mais confiança."
Com Santos, também haveria alguma chance de tirar do papel o Conselho de Combate às Drogas da Unasul.
Mas há ciência de que criar um parâmetro regional para o tema será difícil. Hoje, os países se dividem entre os que aceitam ou não cooperar com a DEA (agência antinarcóticos americana).


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