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Primos pediram que brasileiros não viajassem
RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A SARDOÁ E GOVERNADOR VALADARES
Dois primos alertaram os
brasileiros Juliard Fernandes, 19, e Hermínio Santos,
24, contra a viagem ao México e o intuito de entrar ilegalmente nos EUA.
Fernandes é um dos 72
imigrantes mortos na chacina ocorrida em San Fernando, no Estado mexicano de
Tamaulipas, e Santos teve
seus documentos achados
entre as vítimas.
Os pedreiros Alyson Souza, 19, e Gustavo Moraes, 22,
relataram à Folha que tentaram convencer os dois do
risco de acabarem sequestrados por traficantes. "Não
adiantou, eles estavam obcecados", disse Souza.
No México, os pedreiros
chegaram à fronteira, mas
recuaram após uma viajante passar mal. Os dois acabaram presos e obrigados
a voltar. "Você anda sem rumo, com fome e sede, e os
coiotes ficam avisando que,
se você se perder, será sequestrado", diz Moraes.
Souza e Moraes voltaram
ao Brasil dias antes de Fernandes e Santos deixarem
Sardoá e Santa Efigênia de
Minas, na região de Governador Valadares (MG), famosa por exportar brasileiros para o exterior.
A mãe de Santos, Maria,
58, concorda que nenhum
alerta faria o filho mudar de
ideia: "Ele dizia que Deus ia
ajudar". A tia de Fernandes,
Maria da Glória, 48, diz que
a ida aos EUA era um sonho
de infância do sobrinho.
O caso parece ter freado
os desejos dos mais jovens.
"Não compensa o risco. É
melhor sofrer aqui mesmo",
diz Cida Araújo, 18.
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