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Índia vive alerta por interesse chinês em Estado no nordeste
Nova Déli reforça segurança em Arunachal Pradesh, área que Pequim chama de "Tibete Meridional"
JAMES LAMONT
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA DÉLI
As crescentes reivindicações
territoriais chinesas podem resultar no surgimento de duas
frentes militares na fronteira
norte da Índia, dentro de cinco
anos, declarou anteontem Brajesh Mishra, antigo assessor de
segurança nacional do governo
de Nova Déli.
Mishra, que foi assessor do
antigo primeiro-ministro Atul
Behari Vajpayee e é próximo do
atual premiê, Manmohan
Singh, alertou sobre um "desafio sem precedentes" que envolveria frentes simultâneas de
confronto com o Paquistão
-rival histórico dos indianos-
e a China.
"Nos dois últimos anos, as
reivindicações territoriais chinesas quanto a Arunachal Pradesh ganharam estridência inédita. Eles vêm tomando firmemente a posição de que Arunachal não é parte da Índia, junto
à comunidade internacional e
em outros foros", disse Mishra.
O alerta surge em um momento de preocupação da liderança indiana quanto à batalha
interna contra rebeldes maoístas e aos custos crescentes da
segurança interna, que subiram em 25% neste ano.
Índia e China travaram uma
guerra pelo controle da região
de Arunachal Pradesh, à qual a
China dá o nome de "Tibete
Meridional", em 1962.
Uma escalada forte nas tensões entre Pequim e Nova Déli
com relação à região despertou
especulações na Índia sobre a
possibilidade de um ataque em
sua fronteira de 4.000 km com
a China, e levou o governo a reforçar suas defesas na região.
Os esforços malsucedidos de
Pequim para torpedear o acordo nuclear assinado entre a Índia e os Estados Unidos no ano
passado -que pôs fim ao status
da Índia como pária nuclear-
voltaram a despertar profundas ansiedades.
Neste ano, Pequim objetou à
estratégia do Banco de Desenvolvimento Asiático para a Índia, que incluía empréstimos
para projetos em Arunachal
Pradesh.
Nova Déli também entrou
em choque com Pequim acerca
da política chinesa de concessão de vistos para moradores da
Caxemira, que os indianos interpretam como um desafio à
sua soberania.
Mishra disse que a Índia precisava reforçar suas Forças Armadas, porque, "nos próximos
cinco anos, dada a mudança de
atitude da China, duas frentes
[militares] estarão ativas simultaneamente".
O ex-chefe dos serviços de informações também destacou as
preocupações sobre a ampliação da assistência militar chinesa ao Paquistão, que, a despeito de estar combatendo militantes do Taleban na fronteira
com o Afeganistão, continua a
manter sua amarga hostilidade
para com a Índia, com quem
trava uma histórica disputa pela Caxemira.
"A China está apoiando o Paquistão, e especialmente as
Forças Armadas paquistanesas", acusou Mishra. "A assistência da China às Forças Armadas paquistanesas é um fator muito importante no que
tange a assistir e facilitar a realização de seus desígnios com
relação à Índia", acrescentou.
Ele disse ainda que a assistência financeira dos EUA ao
Exército do Paquistão havia tido "impacto adverso na Índia".
Singh, o primeiro-ministro
indiano, anteontem instou por
moderação, enquanto prosseguem os esforços para resolver
a disputa territorial com os chineses em Arunachal Pradesh.
"Existem problemas. Temos
um problema na fronteira. Mas
concordamos em que, até que
surja uma solução para a [questão da] fronteira, a paz e a tranquilidade precisam ser preservadas", declarou ele.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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