São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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O IMPÉRIO VOTA

Brasil continuará a sofrer com barreiras

Vençam democratas ou republicanos, expectativa é que protecionismo continue alto, sobretudo contra o etanol

Pesquisa mostra que 53% dos americanos acham que acordos de comércio prejudicam interesses trabalhistas

RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO

A nova divisão de forças que as eleições de amanhã produzirão no Congresso americano dificilmente provocará mudanças no tratamento que questões comerciais e outros assuntos de interesse do Brasil recebem ali.
Muitos candidatos do Partido Republicano fizeram discursos enfáticos a favor do livre comércio na campanha, mas a crise econômica tornou os americanos mais céticos sobre os benefícios que os EUA poderiam ter se ampliassem seus laços comerciais com outros países.
Segundo uma pesquisa recente do diário "The Wall Street Journal" e da rede de televisão NBC, 53% da população americana acha que os acordos comerciais feitos pelos EUA no passado prejudicaram as empresas e os trabalhadores do país. Há três anos, 46% pensavam assim.
Embora o Brasil e os EUA tenham desistido há muito tempo de negociar um acordo desse tipo, a desconfiança do público americano afeta os interesses brasileiros porque tende a tornar o Congresso refratário mesmo a pequenas mudanças nessa área.
"Os americanos estão preocupados acima de tudo com a preservação dos seus empregos e dificilmente abrirão espaço para competidores como o Brasil", disse o representante da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar) nos EUA, Joel Velasco.
Os usineiros brasileiros trabalham há vários anos para eliminar a tarifa imposta pelos EUA às importações de etanol produzido no Brasil, mas o Congresso resiste a remover essa barreira, que protege a indústria americana.

FIM DA VALIDADE
A tarifa do etanol perderá a validade no fim deste ano se o Congresso não renová-la mais uma vez. Projetos de lei que dão sobrevida a ela foram apresentados com apoio dos dois partidos que dividem o poder no Congresso.
Se os republicanos voltarem a ter maioria na Câmara dos Representantes, cenário mais provável, eles terão muita influência na próxima revisão da política agrícola americana, que distribui bilhões de dólares em subsídios todos os anos e é uma fonte permanente de atritos entre o Brasil e os EUA.
Na campanha eleitoral, os republicanos acusaram o presidente Barack Obama e seus aliados no Partido Democrata de inchar a máquina do governo e prometeram tomar medidas para conter a gastança quando voltarem a dar as cartas no Congresso.
Mas é cedo para saber se eles vão passar a faca nos subsídios. Na última vez que o Congresso examinou os programas agrícolas, há três anos, os democratas controlavam a Câmara e tiveram apoio dos republicanos para aumentar os subsídios.
É possível que a volta dos republicanos ao poder no Congresso crie complicações de outra natureza para o Brasil, se a oposição resolver interferir mais na diplomacia.
"Obama terá menos liberdade para conduzir sua política externa e isso pode criar dificuldades para países que hoje têm um papel mais relevante no cenário internacional, como o Brasil", disse Matias Spektor, especialista em relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas.


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