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O IMPÉRIO VOTA
Brasil continuará a sofrer com barreiras
Vençam democratas ou republicanos, expectativa é que protecionismo continue alto, sobretudo contra o etanol
Pesquisa mostra que 53% dos americanos acham que acordos de comércio prejudicam interesses trabalhistas
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
A nova divisão de forças
que as eleições de amanhã
produzirão no Congresso
americano dificilmente provocará mudanças no tratamento que questões comerciais e outros assuntos de interesse do Brasil recebem ali.
Muitos candidatos do Partido Republicano fizeram
discursos enfáticos a favor do
livre comércio na campanha,
mas a crise econômica tornou os americanos mais céticos sobre os benefícios que
os EUA poderiam ter se ampliassem seus laços comerciais com outros países.
Segundo uma pesquisa recente do diário "The Wall
Street Journal" e da rede de
televisão NBC, 53% da população americana acha que os
acordos comerciais feitos pelos EUA no passado prejudicaram as empresas e os trabalhadores do país. Há três
anos, 46% pensavam assim.
Embora o Brasil e os EUA
tenham desistido há muito
tempo de negociar um acordo desse tipo, a desconfiança
do público americano afeta
os interesses brasileiros porque tende a tornar o Congresso refratário mesmo a pequenas mudanças nessa área.
"Os americanos estão
preocupados acima de tudo
com a preservação dos seus
empregos e dificilmente abrirão espaço para competidores como o Brasil", disse o representante da Unica (União
da Indústria da Cana-de-açúcar) nos EUA, Joel Velasco.
Os usineiros brasileiros
trabalham há vários anos para eliminar a tarifa imposta
pelos EUA às importações de
etanol produzido no Brasil,
mas o Congresso resiste a remover essa barreira, que protege a indústria americana.
FIM DA VALIDADE
A tarifa do etanol perderá a
validade no fim deste ano se
o Congresso não renová-la
mais uma vez. Projetos de lei
que dão sobrevida a ela foram apresentados com apoio
dos dois partidos que dividem o poder no Congresso.
Se os republicanos voltarem a ter maioria na Câmara
dos Representantes, cenário
mais provável, eles terão
muita influência na próxima
revisão da política agrícola
americana, que distribui bilhões de dólares em subsídios todos os anos e é uma
fonte permanente de atritos
entre o Brasil e os EUA.
Na campanha eleitoral, os
republicanos acusaram o
presidente Barack Obama e
seus aliados no Partido Democrata de inchar a máquina
do governo e prometeram tomar medidas para conter a
gastança quando voltarem a
dar as cartas no Congresso.
Mas é cedo para saber se
eles vão passar a faca nos
subsídios. Na última vez que
o Congresso examinou os
programas agrícolas, há três
anos, os democratas controlavam a Câmara e tiveram
apoio dos republicanos para
aumentar os subsídios.
É possível que a volta dos
republicanos ao poder no
Congresso crie complicações
de outra natureza para o Brasil, se a oposição resolver interferir mais na diplomacia.
"Obama terá menos liberdade para conduzir sua política externa e isso pode criar
dificuldades para países que
hoje têm um papel mais relevante no cenário internacional, como o Brasil", disse Matias Spektor, especialista em
relações internacionais da
Fundação Getúlio Vargas.
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