São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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Derrame mata o "alter ego" de John Kennedy

Ted Sorensen foi assessor de confiança do presidente dos EUA e autor de vários de seus discursos famosos

Entre seus atos, está a carta enviada ao líder soviético, Krushchov, durante a crise dos mísseis, em 1962

DO "NEW YORK TIMES"

Morreu ontem em Nova York, aos 82 anos, Theodore C. Sorensen, conselheiro de confiança de John Kennedy por 11 anos e um dos responsáveis por moldar a imagem e o legado do presidente norte-americano (1917-63). O óbito decorreu de complicações de um derrame sofrido uma semana antes.
Certa vez, disse com ironia suspeitar que seu epitáfio seria: "Theodore C. Sorensen, Kennedy Speechwriter [escritor de discursos]. Mas, em entrevista ao "New York Times" em 2007, rebateu: "Nunca fui apenas um escritor de discursos".
De fato: ele foi responsável por incrementar a retórica de Kennedy. Isso é visível no discurso de posse, de 1961 -"a tocha foi passada para uma nova geração de americanos"- ou ainda no desafio apresentado aos cidadãos do país -"não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer por seu país".
Sorensen foi mais do que apenas um escritor-fantasma. "Você precisa de uma mente como a dele por perto, estalando e estalando o tempo todo", afirmou em 1962 Richard Nixon.
Para Nixon, que governaria o país de 1969 a 74, Sorensen possuía um "dom raro" -a facilidade para encontrar frases que penetravam na psique americana.
Começou sua carreira como pesquisador para Kennedy em 1953, recém-eleito senador por Massachusetts.
Depois, se tornaria estrategista político e conselheiro próximo em áreas como tática eleitoral e política externa.
Trabalhou estreitamente com o futuro presidente no livro que lhe daria dimensão nacional e lhe renderia um Prêmio Pulitzer em 1956 -"Profiles in Courage" [Retratos de Coragem].
Após o assassinato de Kennedy, em 1963, Sorensen exerceu advocacia e entrou na política. Também narrou, em um best-seller de quase 800 páginas -"Kennedy"-, a história da administração que ajudou a configurar.
Jornalistas que cobriam política o chamavam de "o alter-ego intelectual" do presidente -epíteto que Sorensen recusava.
Em outubro de 1962, aos 34 anos, rascunhou para o presidente uma carta dirigida ao líder soviético, Nikita Krushchov, no auge da crise dos mísseis em Cuba.
O documento, que pressionava por uma solução pacífica para a questão que ameaçava iniciar uma guerra entre EUA e URSS, ajudou a colocar um ponto final na crise.
"Sabia que qualquer erro em minha carta poderia resultar no fim dos EUA, talvez no fim do mundo", afirmou.

REAÇÃO
O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que "Ted teve uma vida extraordinária, que tornou nosso país -e nosso mundo- mais igual, justo e seguro". E emendou:
"Seu legado irá sobreviver nas palavras que escreveu, nas causas que advogou e nos corações de quem que se inspire na promessa de uma nova fronteira".


Com agências internacionais


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