São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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China indica que não vai investir em fundo da Europa

Bloco tem 'a sabedoria e a competência necessárias' para resolver crise da dívida pública, afirma Hu Jintao

Taxa de desemprego recorde, inflação alta e ameaça de recessão são outros desafios que a zona do euro enfrenta

Martin Bureau/France Presse
Ativistas da Oxfam se fantasiam de líderes do G20 em protesto contra reunião em Cannes

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, já disse que a China vai ter "grande papel" na solução da crise europeia, mas os sinais que vêm de Pequim não são promissores.
"Estamos convencidos de que a Europa tem a sabedoria e a competência necessárias para dominar suas dificuldades momentâneas", disse o dirigente Hu Jintao na Áustria, de onde segue para a reunião do G20, na França.
A agência estatal Xinhua foi ainda mais direta: "A China não pode nem assumir o papel de salvador dos europeus nem fornecer a 'cura' para a doença europeia".
A esperança dos líderes europeus é que os chineses usem parte de suas reservas de US$ 3,2 trilhões (as maiores do mundo) para conseguir aumentar o fundo de ajuda do bloco de € 440 bilhões para mais de € 1 trilhão.
O presidente do grupo de ministros das Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, disse anteontem, porém, que o bloco não vai fazer concessões políticas para aceitar o dinheiro chinês.
A China poderia aceitar investir no fundo europeu em troca de menos reclamações contra o yuan, por exemplo.
Outro alvo dos europeus, o Japão também tem se mostrado cauteloso em colocar dinheiro público no fundo. Ainda mais porque a economia local também enfrenta dificuldades e o governo fez forte intervenção ontem para conter a valorização do iene.

OUTRAS DIFICULDADES
A Europa enfrenta também problemas na economia "real" que podem tornar mais difícil o sucesso do plano para resolver a crise da dívida.
O desemprego em setembro igualou o patamar recorde, 10,2%, e a economia da zona do euro parece caminhar para nova recessão.
A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) reduziu a sua projeção de avanço para o PIB do bloco no ano que vem de 2% para 0,3%.
O crescimento menor deve afetar a arrecadação dos governos e agravar ainda mais a crise da dívida pública.
Para o presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, ainda que as projeções apontem baixo crescimento global, a economia do país "está preparada para enfrentar esse cenário".
Outra dificuldade do bloco é a inflação alta. Em outubro, pelo segundo mês seguido, os preços subiram 3%, patamar que não era visto desde o pré-crise, em 2008.
O combate à inflação vai ser uma das principais tarefas do italiano Mario Draghi, que assume hoje o comando do Banco Central Europeu.


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